Na França, os chamados comerciants de vinhos têm importância equiparada a dos bons produtores e enólogos. São eles os responsáveis por um convencimento duplo: acreditando no diálogo comercial entre certas vinicolas e públicos específicos, convencem tanto os produtores e destinar parte de suas garrafas a um mercado, como tentam seduzir o público a apostar nos rótulos que apresentam.
No Recife, uma nova distribuidora vem quebrando o panorama marcado pelos rótulos de sempre. Com importação da World Wine, Taciana Carvalho, a Casa Bebidas, de André Marinho, tem oferecido vinhos acima da curva vindos do Cone Sul. Recentemente, realizaram um panorama gustativo com 32 rótulos de cinco vinícolas da Argentina, Chile e Uruguai.
Provamos e avaliamos alguns, que começam a aparecer agora com mais presença nas gôndolas e cartas da cidade.
A PROVA:
Garzon Pinot Noir Rosé 2017
Basta uma taça para percever porque este foi considerado pelo
Descorchados o melhor rosé da América do Sul. Na cor, uma pele de
cebola elagante como nos rosés da Provance, muito fresco, com notas de
cereja e morango. Corpo médio, ótimo prum dia de sol e pratos que
evocam tropicalidade: frutos do mar, crustáceos (e também uns queijos
leves). A Garzon é uma vinícola obrigatória. Preço médio: R$ 72.
Garzón Reserva Tannat 2015
O Tannat é um emblema do Uruguai e a vinícola, exemplo do grande
encontro entre história e modernidade, faz do seu Tannat Reserva um
exemplo clássico da intensidade de fruta dessa varietal. No nariz,
muita fruta vermelha madura, também fruta escura, uns toques de
baunilha. Bem vermelho, rubi. De com corpo e taninos lindamente
aveludados. Um vinhaço. R$ 99.
Altosur Reserve Malbec 2017
Roberto Luka, o enólogo da Finca Sophenia, ja foi presidente da Wines
of Argentina e é um dos grandes nomes da vinificação do país. Na
vinícola, ele tem a preocupação de produzir vinhos ao gosto da
crítica, colecionadores de prêmios e boas pontuações. A malbec,
ricamente frutada, é maior símbolo da vitivinicultura argentina. No
aroma deste varietal, as notas de frutas vermelhas maduras evoluem para chocolate e
especiarias. O corpo médio, e os taninos bem amaciados. São cerca de
quatro meses de carvalho. R$ 62.
Orzada Carignan 2015
A Odfjell é uma vinícola de cultivo orgânico e trabalha com vinhos de
excepcionalidade. Pouco conhecida, a carignan é a varietal deste
vinho, uma uva provavelmente de origem espanhola, que tem mais de 66 nomes no mundo inteiro e encontra sua melhor expressão, hoje, no Priorato. Neste varietal, raro, a carignan é proveniente de vinhas velhas, com mais de 60 anos de idade. No
nariz, apresenta aromas em profusão: cerejas muito maduras, frutas brancas, como
pêras e lichia e uma leve presença de flores e um toque de canela. Bastante encorpado, taninos muito maduros e acidez muito equilibrada. Um vinho precioso. R$ 151.
Vetas Blancas Reserva Especial
A Tabalí é pioneira: no começo dos anos 1990, desbravou o Vale de Limarí, dando início a primeiras plantações ali, hoje uma região de brancos deliciosos, de uma mineralidade que lembra a Borgonha. Este chardonnay é primoroso: depois de dez anos em barricas de carvalho francês, resulta cremoso, abaunilhado, e mantém as notas de frutas brancas maduras e algo de tabaco. Final de boca fresco, deliciosamente mineral. R$ 117.
La Joya Gran Reserva Carménère 2016
Uma vinícola familiar, que se reformulou totalmente em busca de uma nova filosofia e a produção de vinhos Premium, a propriedade da família Bisquertt tem se especializado na zona chilena de Marchihue, notória pela diversidade de microsolos. Este La Joya Gran Reserva é farto em aromas de frutas pretas maduras, pimenta negra e toques defumados. Elegante, concentrado, corpo médio, com seis a oito meses em carvalho francês. R$ 82.
A Casa Bebidas fica na Rua Coronel Benedito Chaves, 188, Boa Viagem. Fone: 3327-3270.
