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Carla Bruni é atração na abertura do Festival de Cannes

Primeira dama francesa está no elenco de Meia-noite em Paris, de Woody Allen

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 10/05/2011 às 23:47
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CANNES – A partir desta quarta-feira (11), os olhos do mundo cinéfilo estarão voltados para o Festival de Cannes. Até o dia 22, quando será entregue a Palma de Ouro – o prêmio máximo do festival, que este ano chega à sua 64ª edição –, muitas emoções vão eletrizar o balneário francês. Na abertura, o destaque é Meia-noite em Paris, o novo filme de Woody Allen, que traz em seu elenco a primeira-dama francesa, Carla Bruni-Sarkozy.

As novidades da linguagem cinematográfica e o glamour das estrelas sempre estiveram lado a lado em Cannes. E o Jornal do Commercio, pela 14ª vez em parceria com a Aliança Francesa, vai estar lá para trazer – no Caderno C ou no JC Online – todas as notícias sobre os filmes exibidos nas mostras competitivas, não competitivas e especiais, como também sobre a participação brasileira no Festival de Cannes 2011.

Além da abertura com a comédia parisiense de Woody Allen, Cannes contará com uma novidade em sua primeira noite. A partir deste ano, a direção do festival vai homenagear uma grande personalidade do cinema mundial que nunca foi devidamente premiada em Cannes. E o primeiro cineasta a ganhar a Palma de Ouro honorária será o italiano Bernardo Bertolucci, um dos diretores que ajudaram a revolução do cinema nos anos 1960 e 1970 em filmes como O conformista, O último tango em Paris e 1900. Para marcar a data, será exibida uma versão restaurada de O conformista na abertura da mostra Cannes Classics, que também vai homenagear o ator Malcolm McDowell, com uma master class e a exibição, também em cópia restaurada, de Laranja mecânica, de Stanley Kubrick.

Mas o que traz interesse ao Festival de Cannes é, sem dúvida, a seleção de longas-metragens que concorrem na seletíssima Mostra Competitiva, que terá 20 longas-metragens e passará pelo crivo do olhar do ator Robert De Niro, o presidente o júri. Ao lado do ator de Touro indomável, o júri é composto pelos atores Jude Law, Uma Thurman, Martina Gusmán (Abutres), Nansun Shi; os diretores Olivier Assayas (Carlos), Mahamat Saleh Haroun (Um homem que grita) e Johnnie To (Vingança); e a crítica e escritora norueguesa Linn Ullmann.

Todos vão estar de olho, assim como milhares de jornalistas e cinéfilos do mundo inteiro, para os pesos-pesados que vão disputar o festival, entre eles Pedro Almodóvar, com La piel que habito, e Terrence Malick, com A árvore da vida. A eles, vão se juntar velhos conhecidos de Cannes, como o italiano Nanni Moretti, que venceu a Palma de Ouro em 2001 por O quarto do filho, e os irmãos belgas Jean Pierre e Luc Dardenne, vencedores em 1999 por Rosetta e em 2005 por A criança, que voltam com Le gamin au velo. Este ano, Moretti deve polemizar com Habemus Papam. Além deles, outro polemista de plantão faz seu comeback: Lars Von Trier, com Melancholia.

Apesar de toda a pompa da Mostra Competitiva, com o passar dos anos as mostras paralelas ganharam uma tremenda força. A principal delas é Un Certain Regard, que a cada dia fica tão disputada quanto a mostra principal, isso sem desmerecer a Semana da Crítica e a prestigiada Quinzena dos Realizadores. Na Un Certain Regard, caberá a Gus Van Sant a honra da abertura, como o esperado Restless. Outros grandes cineastas vão concorrer ao lado do cineasta de Elefante: os franceses Bruno Dumont (Hors Satan) e Robert Guédiguian (Les neiges du Kilimandjaro), e os coreanos Hong Sangsoo (The day he arrives) e Kim Ki-dukl (Arirang).

No sábado, a direção do festival anunciou a entrada de dois novos filmes na programação: são duas produções iranianas rodadas de forma semiclandestina pelos diretores Jafar Panahi e Mohammad Rasoulov. Good bye, de Rasoulof, vai entrar na competição da mostra Um Certain Regard e será exibido no sábado, dia 14. O filme conta a história de um jovem advogado de Teerã que lutar por um visto para sair do país.

Já This is not a film, de Jafar Panahi e Mojtaba Mirtahmas, será exibido como parte da seleção oficial na sexta-feira, dia 20. O filme conta a própria história da situação do diretor, que há meses aguarda a sentença do tribunal de apelação. Panahi foi condenado a seis de prisão e a 20 sem exercer seu ofício. Numa carta à direção do festival, ele disse que “o fato de estar vivo e o sonho de manter intacto o cinema do seu país o encoraja a superar as atuais restrições impostas pelo governo”. O diretor-geral do festival, Thierry Frémaux, e o presidente do evento, Gilles Jacob, disseram que “as condições em que Rasoulov fez seu filme e o diário de Panahi sobre como vive um artista privado de trabalhar é uma resistência à condenação que os afeta”.

Sem filme na mostra competitiva, a participação brasileira até que está atraente no festival deste ano. Já experientes em Cannes, a dupla paulista Marco Dutra, 31 anos, e Juliana Rojas, 29, pela primeira vez vão marcar presença na Croisette com um longa-metragem. Trabalhar cansa, o primeiro trabalho deles, é um dos destaques da Mostra Un Certain Regard e será exibido no dia 12. Por serem estreantes em longas, eles vão concorrer ao Camera d´Or. Ex-alunos da ECA-USP, eles ganharam em 2007 o prêmio Découvert Kodak, na Semana da Crítica, pelo curta O ramo. Dois anos antes, eles mostraram o curta O lençol branco, realizado como projeto de conclusão do curso de cinema, na Mostra Cinéfondation.

O cineasta cearense Karim Aïnouz vai mostrar seu novo filme, O abismo prateado, baseado na canção Olhos nos olhos, de Chico Buarque, que ganha exibição no dia 17, na mostra Quinzena dos Realizadores. Além dos dois longas, três curtas participam de Cannes 2011: o mineiro Permanências (vencedor do Janela de Cinema 2010), de Ricardo Alves Júnior, na Semana da Crítica; Duelo antes da noite, de Alice Furtado, no Cinéfondation; e Sobre o menino do Rio, de Felipe Joffily (Muita calma nessa hora), no Short Film Corner.

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