Cinema

Filmes da competição oficial de Cannes decepcionam nesta quinta

Produções Sleeping beauty e We need to talk about Kevin não entusiasmaram o público

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 12/05/2011 às 20:22
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CANNES - A Competição Oficial do Festival de Cannes começou nesta quinta-feira (12) com a exibição de dois filmes dirigidos por mulheres. Mas, nem o pretensioso Sleeping beauty, da australiana Julia Leigh, nem o confuso e irresponsável We need to talk about Kevin, da experiente escocesa Lynne Ramsay, conseguiram entusiasmar.

Dizer que Sleeping beauty é uma atualização da fábula de Charles Perrault é um sacrilégio ou uma licença poética que merece o esquecimento. O filme é uma grande decepção.

Há cerca de dois anos, o roteiro entrou na The Black List, uma compilação do site Deadline Hollywood sobre as histórias mais quentes que ainda estão em busca de um produtor.

Encampado pela diretora Jane Campion, o projeto foi comprado pela Screen Australia. Não obstante os valiosos recursos de produção e o esforço cerebral de Julia Leigh, o filme é daqueles que não dizem para o que vieram.

A história, de uma garota que se submete a um emprego de bela adormecida (leia-se: dormir dopada com velhos ricos) para pagar os estudos e o aluguel, é obscura demais e o esteticismo de Julia Leigh, que não move a câmera nem que deem um choque nela, transforma Sleeping beauty em experiência espinhosa demais para ser seguida.

We need to talk about Kevin é uma maluquice e tanto de Lynne Ramsey. Para os brasileiros que estão por aqui o filme bateu forte, principalmente por causa da história do atirador que matou crianças na escola de Realengo, no Rio Janeiro. O Kevin do título também é um adolescente que mata dezenas de estudantes numa escola americana.

Adaptado de uma novela de Lionel Shriver, o filme é centrado na mãe de Kevin, a escritora Eva (Tilda Swinton), que sofre e faz o filho sofrer desde a mais tenra idade. Com sinais claros de alguma doença ou uma maldade profunda, Kevin parece mais uma versão do filme de terror Nasce um monstro.

Até como filme de gênero, seria visto com reserva. Em nenhum momento o personagem é confrontado com algo tipo de médico para avaliar sua saúde mental. É algo tão estranho que é impossível não ver a irresponsabilidade da diretora.

O repórter viajou com o apoio da Aliança Francesa

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