Para os cinéfilos recifenses, a semana não poderia ter começado melhor. O 4º Festival Janela Internacional de Cinema anunciou, nesta segunda-feira (3), uma retrospectiva inédita no Brasil. De 4 a 13 de novembro, serão exibidos, no Cinema São Luiz, 12 dos 13 longas do cineasta americano Stanley Kubrick. A retrospectiva, uma homenagem ao clássico Laranja mecânica (A clockwork orange, 1971), que completa 40 anos, causou comoção nas redes sociais. Ocorre que, assim como se deu com a Trilogia dos dólares, de Sérgio Leone, exibida no Janela ano passado, essa será para muitos a primeira oportunidade de ver na tela grande os clássicos de Kubrick.
Laranja mecânica é um dos mais aclamados filmes do cineasta. O longa, adaptação do romance homônimo de 1962 do escritor inglês Anthony Burgess, tornou-se um queridinho cult ao unir música clássica e anarquismo, em um bem fundamentado debate sobre violência, juventude e filosofia. Com ele, o cineasta foi indicado a quatro Oscars, sem faturar nenhum, provavelmente devido às polêmicas geradas pelo filme. Na Inglaterra, por exemplo, onde foi filmado, Laranja mecânica foi tirado de circulação pelo diretor em 1974 e só voltou a ser exibido em 1999, depois da sua morte. Este ano, o longa ganhou versão restaurada em 4K (com resolução cinco vezes maior que a disponível na maioria das salas), apresentada no Festival de Cannes, em maio.
É essa mesma tecnologia que será usada no Cinema São Luiz. "As cópiasem digital dos filmes serão trazidas dos Estados Unidos e Inglaterra em resolução2K e 4K. Serão projetadas num projetor especial trazido de São Paulo e de usoaindainédito num festival brasileiro. É um projetor Christie, o mesmo usadoem Cannes, com a mesma potência", explica o cineasta Kleber MendonçaFilho, um dos idealizadores do Janela.
O aniversariante não foi o único filme de Kubrick a ter sua exibição proibida pelo diretor. Seu primeiro longa-metragem, Medo e desejo (Fear and desire, 1953), que ficou fora da retrospectiva no São Luiz, foi tirado de circulação porque o cineasta o considerava "amador", e até hoje está fora de catálogo. É possível, porém, assisti-lo na internet. De fato, apesar de não ser de todo ruim, o longa fica bastante aquém de outros trabalhos de Kubrick, como os excelentes A morte passou por perto (Killers kiss, 1955), que abre a mostra, e 2001: uma odisseia no espaço (2001 A space odissey, 1968), que aproximou o diretor do grande público.
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