Paulo Caldas revive nesta quinta-feira (24/01), no Cinema São Luiz, a fábula do filho pródigo. Com a pré-estreia de País do desejo (2011), às 21h30, ele volta à sala onde seu primeiro filme, Baile perfumado (codirigido por Lírio Ferreira), teve há quase 16 anos uma de suas mais memoráveis sessões. A partir desta sexta-feira, País do desejo, seu quarto longa-metragem, estreia em dez salas de cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife (Cinemark, no Shopping RioMar) e Jaboatão dos Guararapes (Box-Cinépolis, no Shopping Guararapes).
Apesar de nascido na Paraíba, Paulo Caldas é pernambucano por direito e vocação. Sua posição no cinema local é a de marco histórico. Foi ele quem deu adeus ao Super 8 e começou uma viagem - ao lado de Lírio, Cláudio Assis, Marcelo Gomes, Germano Filho, Amin Stepple e Hilton Lacerda, entre outros - que está longe de acabar. O fato é que 2013 já entrou para a história, com duas gerações de cineastas pernambucanos dividindo as atenções do público e da crítica.
Com O som ao redor entrando em sua quarta semana de exibição - com um público de mais de 50 mil espectadores -, a estreia de País do desejo confirma Pernambuco com uma das principais forças do cinema brasileiro. Paulo acredita em dois fatores que fizeram o cinema local conquistar espaço. "Nossa maior característica são os filmes autorais. Além, é claro, do investimento do Estado, que possibilitou a chegada de uma nova geração. Naturalmente, ela têm a mesma força autoral da geração anterior. Isso está calcificado pelo resultado nos festivais e na bilheteria, com o sucesso de O som ao redor. A gente está vivendo um grande momento", analisa o cineasta.
Em País do futuro, Paulo Caldas não trata de temas sociais crus, como os apresentados no documentário O rap do pequeno príncipe contra as almas sebosas (codirigido por Marcelo Luna, em 2000) e Deserto feliz (2008). "Achei importante também abordar a nossa elite, de extração canavieira, que saiu do campo e foi pra cidade. O filme mostra um Nordeste diferente do que já foi visto em outros filmes", afirmou.
Para ele, o cinema pernambucano não pode ficar refém de exotismos. "A gente precisa sair dessa realidade de ser sempre ‘tapioca’. Quero estar livre para dar passos em outras direções e filmar outra coisas que interessam", concluiu.
Para o bem ou para o mal, País do desejo é uma guinada de 360º graus na carreira de Paulo Caldas. O cineasta conhecido pelas ousadias estéticas e decupagem barroca - são inesquecíveis as contre-plongées de Baile perfumado e a câmera colada nos personagens de Deserto feliz - agora explora o desafio de se expressar nas convenções do cinema clássico.
A opção por atores conhecidos também é uma novidade no cinema de Paulo Caldas. Ele convidou três atores, que também fazem TV, para os principais papéis do filme. Fábio Assunção interpreta o padre José, enquanto Maria Padilha faz a pianista Roberta. Gabriel Braga Nunes, que apareceu recentemente minissérie O canto da sereia, é o médico César, irmão de José.
Leia mais na edição desta quinta-feira (24/01) no Caderno C, do Jornal do Commercio.