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Elysium trata da luta de classes no mundo da ficção científica

Filme marca a estreia do ator brasileiro Wagner Moura em Hollywood

Do JC Online
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Publicado em 13/08/2013 às 11:35
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Filme marca a estreia do ator brasileiro Wagner Moura em Hollywood - FOTO: Divulgação
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LOS ANGELES - O cineasta sul-africano Neill Blomkamp, que sacudiu o cinema de ficção científica em 2009 com Distrito 9, volta às telas com Elysium, uma superprodução hollywoodiana que transporta a luta de classes entre pobres e ricos a um futuro apocalítico.

Com este filme, que estreia nesta sexta-feira nos Estados Unidos, mas apenas no dia 20 de setembro no Brasil, a Sony Pictures espera virar a página dos fiascos de seus últimos dois filmes de alto orçamento, O ataque e Depois da Terra.

Escrito e dirigido por Neill Blomkamp - uma dupla função bastante rara em uma superprodução -, Elysium conta com os brasileiros Wagner Moura e Alice Braga no elenco, ao lado dos astros Matt Damon e Jodie Foster e do mexicano Diego Luna.

No filme, Wagner Moura vive um contrabandista que transporta pessoas ilegalmente para Elysium, e Alice Braga é uma amiga de infância de Damon. A performance de Moura, sua estreia em Hollywood, foi descrita pelo jornal The New York Times como fantástica na crítica dedicada ao filme.

 A produção transporta o espectador a 2.154, quando os multimilionários fogem da Terra, arruinada e superpovoada, e se instalam na estação espacial Elysium, onde tudo é luxo e prazer.

Max (Matt Damon), um ex-prisioneiro exposto acidentalmente a uma dose letal radiação na fábrica onde trabalha, tem apenas uma solução para escapar da morte: chegar a Elysium, onde uma milagrosa máquina cura todas as doenças em segundos.

Mas Elysium é protegido por Delacourt (Jodie Foster), sua "ministra da Defesa", que não hesita em disparar contra os veículos cheios de imigrantes clandestinos que se aproximam da estação e deportar os que conseguem chegar.

"Blomkamp é um cara que admiro", disse à AFP o ator mexicano Diego Luna, que encarna Julio, o melhor amigo de Max. "Eu amo fazer este cinema comercial, este cinema de entretenimento, que se você arranhar um pouco tem uma reflexão um pouco mais profunda".

Para este ator de 33 anos que acaba de rodar uma biografia do militante de direitos civis dos imigrantes César Chávez, Elysium prevê "o que vai acontecer se as distâncias e os contrastes entre os que têm e os que não têm continuarem se tornando cada vez mais dramáticos". "Chegará um dia em que (os ricos) terão que construir algo lá em cima (no espaço) se não quiserem ser removidos", prosseguiu Luna.

Uma realidade cruel
"De alguma maneira, a ficção científica é uma grande ferramenta para questionarmos nosso presente", disse o ator. "Aparentemente está falando de algo que acontece anos depois, em um mundo imaginário, completamente afastado de sua realidade. Mas você começa a ver o filme e de repente tem uma reflexão total sobre onde estamos hoje e o que estamos fazendo".

Uma realidade cruel, segundo o ator. "Há pequenos Elysium por todo o mundo", disse. "A riqueza está pessimamente distribuída e a quantidade de gente sem oportunidades vai crescendo e crescendo, e isto gera um fenômeno social que torna 'Elysium' muito factível".

Referindo-se ao luxuoso hotel de Los Angeles onde falou com jornalistas para promover o filme, Luna destacou: "Hoje estamos fazendo uma entrevista em Beverly Hills, onde as pessoas decidiram que precisam disso tudo para sobreviver, sem se importar com o contraste que há ao dirigir por três horas em direção ao sul (ao México), onde as pessoas têm tão pouco".

Como em "Distrito 9", Neill Blomkamp prestou muita atenção à realidade do mundo que descrevia e a sua humanidade, sem se deixar tomar pelos efeitos especiais, apesar de contar com um generoso orçamento estimado em 100 milhões de dólares.

"Na Terra ou em Elysium, o que (Blomkamp) mostra é gente sobrevivendo", disse Diego Luna. "Como, apesar de viver em qualquer lugar, o ser humano sempre encontra a forma de achar a felicidade. Até no contexto mais complicado, o ser humano sempre encontra a chance de ter uma relação de amor, de ser feliz. Somos sobreviventes a qualquer custo".

"Acredito que o que dá muita humanidade a estes personagens é que suas relações são importantes. E, normalmente neste tipo de filme você percebe que não exploram este mundo interior e pessoal dos personagens, esta intimidade", completou.

 

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