Com dois terços dos longas-metragens de ficção da Mostra Competitiva do Festival de Brasília já exibidos – faltam agora Riocorrente, de Paulo Sacramento, na noite deste domingo (22/09), e Exilados do vulcão, de Paula Gaitán, na segunda-feira (23/09) – pode-se especular que será difícil um outro filme conquistar o gosto do público quanto o pernambucano Amor, plástico e barulho, de Renata Pinheiro, que teve sua estreia neste sábado (21/09).
Os aplausos durante e ao fim da sessão foram, no mínimo, apoteóticos. A vida bandida de duas estrelas femininas da cena brega recifense – uma que se afunda na dor ao sentir o fim do seu reinado, a outra que vislumbra as primeiras faíscas do sucesso – bateu forte na sensibilidade do público que lotou o Cine Brasília.
Maeve Jinkings e Nash Laila, que interpretam a cantora Jaqueline e a dançarina Shelly, respectivamente, estão sublimes no filme. Maeve, particularmente, tem momentos arrasadores em cenas de pura antologia. As duas, sem dúvida, são fortes candidatas ao Candango de Melhor Atriz. O arco de desenvolvimento das duas personagens é um dos maiores acertos do roteiro de Sergio Oliveira e Renata Pinheiro.
Mas, Amor, plástico e barulho funciona bem principalmente pela integração dos elementos estéticos que o compõe. Além da direção de atores, música, figurino e direção de arte recriam com grande intensidade o espaço físico por onde os personagens circulam. É verdade que grande parte dos filmes locais respiram o Recife por todos os poros, mas poucos foram tão sinceros e sem vergonha de mostrar a cidade quanto o longa de Renata. Sem falar, claro, que a ironia da diretora está colada ao real quando o Recife é flagrado em seus desejos megalomaníacos. Não é pouca coisa, não.
O repórter viajou a convite da organização do festival.
