CINEMA

Operação sombra - Jack Ryan é um filme desnecessário

Personagem criado por Tom Clancy ganha quinto filme e quarto intérprete

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 07/02/2014 às 6:00
Paramount Pictures/Divulgação
Personagem criado por Tom Clancy ganha quinto filme e quarto intérprete - FOTO: Paramount Pictures/Divulgação
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Só pode ser muita falta de coragem, ou apego ao já aprovado, o que justifica a realização de um filme como Operação sombra – Jack Ryan (Jack Ryan: Shadow recruit, 2014), dirigido pelo britânico Kenneth Branagh, que nesta sexta-feira (07/02) no Recife. Realmente, trata-se de mais um passatempo inócuo mesmo, totalmente desnecessário.

Tudo bem que a Paramount, produtora do filme, tenha lá uma grande base de fãs do personagem Jack Ryan, um agente da CIA inventado pelo escritor Tom Clancy. Falecido no ano passado, Clancy teve a sorte de não ver o filme pronto. Este novo longa dá vida à quinta aventura do personagem nas telas, além de trazer Chris Pine (o novo Capitão Kirk) como o quarto ator a interpretá-lo.

Ainda muito jovem para o papel de Jack Ryan, o que provoca uma grande confusão temporal em torno da sua cronologia, Chris Pine se esforça para estar bem na fita e fazer jus aos atores que já viveram o personagem, como Alec Baldwin (Caçada ao Outubro Vermelho), Harrison Ford (Jogos patrióticos e Perigo, real e imediato) e Ben Affleck (A soma de todos os medos).

Ao contrário dos filmes anteriores, Operação sombra: Jack Ryan não se baseia em nenhum livro escrito por Clancy. Pela primeira vez, os produtores usaram apenas o personagem e partiram para forjar uma nova história. Antes de chegar até ao que interessa, um prólogo conta desde como Ryan foi recrutado pela CIA, depois de um acidente no Afeganistão, até o seu namoro com a Dra. Cathy Miller (Keira Knightley), a médica que o ajuda na recuperação.

Creditada a Adam Cozad e David Koepp, a trama recorre pela enésima vez ao fantasma da Guerra Fria, ainda com a Rússia como sombra dos Estados Unidos. Aqui, não é o governo russo que está por trás da ameaça, mas um financista (o próprio Kenneth Branagh) que planeja arrasar, literalmente, o sistema financeiro americano. Para ajudá-lo, ele conta com a presença constante de Thomas Harper (Kevin Costner), o militar que o recrutou. 

Parte da ação acontece em Moscou e em alguns lugares dos Estados Unidos, como a cidade de Nova Iorque (a sombra do 11 de setembro está presente). Não é preciso dizer que o filme consiste numa série de sequências de ação desenfreadas e outras que exibem gadgets de espionagem e segurança. Problema mesmo é quando os personagens são obrigados a interagir, já que os diálogos, principalmente entre Jack Ryan e Cathy Miller, são os mais pobres possíveis.

Uma pergunta difícil de responder é a recente ascensão de Kenneth Branagh como diretor de filmes de ação hollywoodianos, que ele inaugurou com Thor, em 2011. É certo que, lá longe, em 1991, ele esteve em Hollywood quando dirigiu o noir Voltar a viver (Dead again), seu primeiro filme como diretor. Mas, tanto em Operação sombra – Jack Ryan como em Thor, seu trabalho como diretor não se destaca. Agora, nem como vilão ele convence.

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