A ascensão do ator Matthew McConaughey, de ídolo de comédias românticas para herói do cinema indie americano, vem dando resultados brilhantes. Sua interpretação como um eletricista trapaceiro e machista que contrai o vírus da aids, em Clube de compras Dallas (Dallas buyers club), é digna de um Oscar. O filme é um dos últimos indicados a Melhor Filme a estrear no Recife.
Como outros cinco filmes – entre os nove – que disputam a principal láurea da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, Clube de compras Dallas também se baseia em fatos reais.
Ron Woodroof, o personagem de McConaughey, acreditem, realmente existiu. Sua história, aparentemente, é uma nota de pé de página da luta contra a aids nos Estados Unidos.
Mas que personagem fascinante vemos na tela. Explodindo testosterona por todos os lados, Woodroof não pode ver uma mulher e ainda faz piada homofóbica com Rock Hudson – o ator, por muitos anos símbolo do macho hollywoodiano, morreu vítima de aids em 1985, época em que o filme se passa. Mas, quando é diagnosticado com o vírus da aids, Woodroof vive uma grande transformação.
Enquanto lutava para que o sistema de saúde americano – e até o FBI – liberasse o uso de novas substâncias contra a aids, ele traficava medicamentos de outros países e dividia sua necessidade com outros pacientes da cidade de Dallas. Ao lado do travesti Rayon (Jared Leto, em ótima composição) e da médica Eve (Jennifer Garner), Woodroof faz da casa onde mora um centro de distribuição de remédios.
O diretor canadense Jean-Marc Vallée, mais conhecido pela comédia familiar C.r.a.z.y., de 2005, comprova que é um nome a se acompanhar com atenção. Além de bom diretor de atores, ela capta muito bem o clima da época em que o sexo era visto como uma arma perigosa.
