Despedida

Spencer, um cinecronista da cultura brasileira

Cineasta pernambucano soube retratar aspectos e personagens até então pouco mostrados no cinema nacional

Marcos Toledo
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Marcos Toledo
Publicado em 18/03/2014 às 6:00
Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
Cineasta pernambucano soube retratar aspectos e personagens até então pouco mostrados no cinema nacional - FOTO: Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
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É inegável que a vida guarda algumas ironias para todo e qualquer ser humano. Quis esta existência que, no ano em que se comemora o centenário dos primeiros filmes do ator e cineasta inglês Charles Chaplin (1889-1977), lamentássemos a despedida de um de seus mais fiéis - declaradamente - discípulos, o crítico e também diretor de cinema Fernando Spencer, que morreu na última segunda-feira (17/3).

Para entender a importância de Spencer para o cinema pernambucano e brasileiro é preciso um olhar diferenciado sobre sua filmografia de mais de 40 títulos, marcada, principalmente, pelo registro audiovisual raro de manifestações culturais do Estado, como o caboclinho, o artesanato, o frevo, o maracatu, o pastoril e o próprio cinema local, e alguns de seus principais renomes, a exemplo dos artistas plásticos Bajado e Corbiniano Lins, da atriz Almery Steves, de Dona Santa do Maracatu e dos compositores Nelson Ferreira e Capiba, entre muitos outros.
Como um cronista, Spencer soube registrar aspectos da cultura brasileira - alguns hoje até banidos -, como a rinha de galo, a farinhada e a boêmia do antigo Bairro do Recife.

Por mais de meio século, seja com caneta e papel nas mãos, detrás de um máquina de escrever, de um microcomputador ou de uma câmera, ou ainda na função de programador de cinema, Fernando Spencer atuou como um sonhador, daquele que costuma transformar sua fantasia em realidade.

E seu recurso, foi a magia do cinema, que por vezes pega uma criança fascinada pela experiência daquela luz projetada na tela e transforma em cineasta, crítico ou programador de cinema. Spencer foi todos. Foi único.

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