CRÍTICA

Filme indiano Lunchbox faz do acaso ponto de partida para uma história de desencontros

A estreia é nesta quinta-feira (20/03), no Moviemax Rosa e Silva

Ernesto
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Ernesto
Publicado em 19/03/2014 às 14:08
Imovision/Divulgação
A estreia é nesta quinta-feira (20/03), no Moviemax Rosa e Silva - FOTO: Imovision/Divulgação
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Em tempos de redes sociais, SMS, WhatsApp e correio eletrônico, escrever cartas já se tornou anacrônico há muito. Recentemente, o futurista Ela, de Spike Jonze, que ganhou o Oscar de Melhor Roteiro este ano, trouxe um personagem numa situação curiosa. Joaquin Phoenix trabalha em um site especializado em cartas escritas à mão e passa horas lidando com sentimentos de pessoas que nunca viu.

No filme Lunchbox, produção indiana que estreia nesta quinta-feira (20/03), no Moviemax Rosa e Silva, a estranheza é bem menor. Pelo menos, mesmo não se conhecendo, os personagens escrevem suas próprias cartas. A história lembra, em muito, a mesma de Nunca te vi, sempre te amei, um filme britânico que chegou a ganhar status de cult movie nos anos 1980.

Assim como no longa dirigido por David Jones, os personagens da obra de estreia de Ritesh Batra vivem em mundos distantes, marcados por barreiras intransponíveis. Em Lunchbox, o romance epistolar entre a dona de casa Ila (Nimrat Kaur) e o contador Saajan Fernandes (Irrfan Khan, de As aventuras de Pi) nasce do mais puro acaso. Um dia, a marmita com o almoço do marido se extravia e vai parar na mesa do contador, um homem que ficou ainda mais difícil depois da morte da mulher.

Assim, o filme se desenvolve nesses dois mundos. De um lado, a falta de perspectiva de Ila, cujo marido não se interessa mais por ela; do outro, a proximidade da velhice para o viúvo, que está prestes a se aposentar e mudar de cidade. Entre um e outro, há ainda Mumbai, a cidade onde o filme se passa, com seus milhões de habitantes, trânsito infernal, barulho e caos.

O serviço de entrega de marmitas, por exemplo, é tão conceituado que um empregado diz que os estrangeiros já vieram estudar o método deles. Ritesh Batra parte desse acaso – mas bem provável, se considerarmos o método de entrega das marmitas – para falar de pessoas comuns, como milhares que passam ao nosso lado todos os dias.

Esse traço da universalidade dos sentimentos e da maneira como homens e mulheres se comportam – independente de cultura, as pessoas parecem as mesmas em qualquer lugar – é muito bem retratado nessa tentativa de encontro entre Ila e Saajan, duas vidas em correntes opostas. Além de manter esse olhar terno sobre seus personagens, Ritesh Batra não esquece de adicionar humor e saborosos pratos da culinária indiana ao longa de seu filme.

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