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Grace de Mônaco abre Festival de Cannes, mas não está à altura da princesa

Diretor Olivier Dahan disse que não era sua intensão fazer uma biografia de Grace Kelly

Ernesto Barros
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Publicado em 14/05/2014 às 13:57
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Diretor Olivier Dahan disse que não era sua intensão fazer uma biografia de Grace Kelly - FOTO: NE10
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CANNES – Depois da esquecível biografia da Princesa Diana, realizada no ano passado pelo alemão Oliver Hischbiegel, outra princesa tem um momento de sua vida desperdiçado na tela grande. Grace de Mônaco, o longa-metragem que abriu o Festival de Cannes, foi recebido com entusiasmo glacial pelos jornalistas que o assistiram na manhã desta quarta-feira.

Como produto para angariar a simpatia do público e do glamour associado ao mundo do cinema, não poderia haver filme melhor para abrir a 67ª edição de Festival de Cannes. Afinal, poucas estrelas poderiam representar melhor esse espírito que Grace Kelly, a atriz americana que viveu um conto de fadas em vida quando se casou com o príncipe Rainier III, em 1956, e foi morar em Mônaco, abandonando o cinema para sempre. Entretanto, o curto espaço de tempo em que a vida de Grace Kelly é retratada – um par de anos, no começo dos anos 1960 – não resultou em um filme memorável, como o diretor Olivier Dahan já havia feito com Piaf – Um hino ao amor, também uma cinebiografia. No filme, Marion Cotillard ganhou o Oscar de Melhor Atriz pelo papel de Edith Piaf.

Nicole Kidman, escolhida para interpretar Grace Kelly, é muito velha para o papel. Na época que a história se desenrola, Grace estava com 33 anos, enquanto Kidman já fez 46 anos. Para Grace, que havia feito uma mudança tão brusca e já havia completado seis anos de casada, esse detalhe deveria ter feito a diferença. Basicamente, o que se vê no filme é uma questão quase paroquial que envolveu o pequeno principado de Mônaco e o governo francês, entre os anos 1962 e 1963, que quase ninguém conhece.

O governo do General DeGaulle desejava taxar as altas somas de dinheiro movimentadas principalmente em Monte Carlo, um paraíso para jogadores, playboys e lavadores de dinheiro. Enquanto isso, Grace tentava fazer obras de caridades para fazer valer sua posição de princesa, até que é obrigada a salvar o principado das garras do general.

Há algumas boas cenas envolvendo Grace e o diretor britânico Alfred Hitchcock (Roger Ashton Griffiths), quando o diretor de Disque M para matar, Janela indiscreta e Ladrão de casaca, todos interpretados pela atriz, lhe faz uma visita surpresa com o roteiro de Marnie – Confissões de uma ladra debaixo do braço. A possibilidade da volta para Hollywood põe em crise o suporte que ela devia dar ao marido na briga.

 "Sinto-me triste porque o filme não tem nenhuma maldade com a família ou com Grace", ressaltou Nicole Kidman sobre a decisão da família da Grimaldi de boicotar o filme.  "Mas se assistissem ao filme, veriam que há muito afeto em relação aos seus pais, e à história de amor entre os dois", declarou a atriz, que passou cinco meses pesqusiando para criar a sua personagem e mais seis envolvidos com ela. "E minha atuação foi com amor",

“Desde o começo do projeto que minha intensão não era fazer um biografia da atriz Grace Kelly ou da princesa Grace de Mônaco. Eu queria que a história de Grace apontasse para os diferentes lados de sua vida, e reduzi-la a qualquer um dos papéis seria pouco. Não sou um historiador”, considerou o diretor Olivier Dahan. Sobre a polêmica envolvendo uma possível versão diferente para o mercado americano, ele disse que o assunto já foi resolvido. “Será o mesmo filme, com algumas ligeiras mudanças que faremos em conjunto”, revelou o diretor.


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