CINEMA

James Dean na matinal do Cinema São Luiz

Clássico Juventude transviada é exibido às 11h deste sábado (25/10)

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 25/10/2014 às 6:01
Warner Bros/Diivulgação
Clássico Juventude transviada é exibido às 11h deste sábado (25/10) - FOTO: Warner Bros/Diivulgação
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O cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, curador do Janela Internacional de Cinema, é um misto de pesquisador e arqueólogo. Em 1992, ao concluir o curso de jornalismo, na UFPE, realizou o documentário Casa de imagem, um lamento sobre o fim dos cinemas de bairros do Recife. Ainda hoje, ecos do amor pelas salas desaparecidas persistem em seu imaginário. Em O som ao redor, sons de filmes antigos dão vida aos escombros do que um dia foi um cinema.

Durante o Janela, Kleber ressuscita um pequeno experimento de exibição: hoje, às 11h, o Cinema São Luiz revive os tempos da Sessão Bossa Jovem, que durante as décadas de 1960 e 1970 reuniu cinéfilos recifenses de várias gerações.

Para manter o mesmo sentido de nostalgia, a Sessão Bossa Jovem terá como atração um dos grandes clássicos do cinema americano da década de 1950, um ícone geracional que tem atravessado décadas desde que os jovens ganharam vez e voz: Juventude transviadaRebel without a cause, no original –, o longa-metragem que forjou o mito da rebeldia juvenil e transformou James Dean em ídolo eterno – mesmo depois de sua morte repentina, poucos dias antes da estreia do filme, em 30 de setembro de 1955.

Dirigido por Nicholas Ray, um cineasta complexo que não tinha medo de expor seus demônios, Juventude transviada é um filme arrasador. Visualmente, é um tour de force cromático e sensorial, com uso do formato Cinemascope que poucos cineastas, até então, ousavam experimentar. Ex-aluno do arquiteto Frank Lloyd Wright, Ray levava para o cinema uma planificação que levava em conta o espaço. Linhas, retas e ângulos ganham perspectivas dramáticas que acentuam os dilemas dos jovens personagens do filme. Para o francês Jean-Luc Godard, jovem crítico na revista Cahiers du Cinéma, Nicholas Ray era o cinema. E o cinema, para o cineasta, era a melodia do olhar.

O anti-herói de Juventude transviada, o rebelde sem causa que o título alude, chama-se Jim Stark. É o adolescente interpretado por James Dean. Depois da errância por várias cidades, ele chega com os pais para fixar residência em Los Angeles. Jim, o novo garoto da cidade, logo se meterá em problemas. Depois de sofrer bullying de um colega de escola, topa um racha mortal e vai parar numa delegacia, onde conhece Judy (Natalie Wood), uma adolescente que também vive em conflito com o pai, e Plato (Sal Mineo), outro rapaz complicado. 

Concentrado em colocar na tela as dificuldades da juventude, que começava a mostrar suas unhas na cultura e nos costumes, Nicholas Ray construiu um filme doloroso e sem esperanças. Tanto na época quanto hoje, Juventude transviada retém uma beleza intrínseca, que renasce cada vez que sua imagens batem na tela, sela ela larga ou pequena.

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