CINEMA

Pernambucana Clarissa Pinheiro brilha no Janela Internacional de Cinema

Ela arrasa em Casa grande, cartaz desta quarta-feira (29/10), no Cinema São Luiz

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 29/10/2014 às 13:06
Divulgaçã/Imovision
Ela arrasa em Casa grande, cartaz desta quarta-feira (29/10), no Cinema São Luiz - FOTO: Divulgaçã/Imovision
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No último Festival de Paulínia, uma atriz estreante desbancou estrelas do porte de Fernanda Montenegro e Sandra Corveloni ao ganhar o Troféu Menina de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante pela produção carioca Casa grande, de Fellipe Barbosa, o cartaz desta quarta-feira (29/10) na Mostra Competitiva de Longas-metragens do Janela Internacional de Cinema.

Clarissa Pinheiro, uma pernambucana de 31 anos, causou um grande rebuliço com a personagem Rita, uma empregada doméstica desinibida e descolada, que reina absoluta na mansão de uma família rica – mas em processo de empobrecimento – do Rio de Janeiro. Já comparado ao pernambucano O som ao redor, Casa grande radiografa, a partir dos olhos de um adolescente, as mudanças entre as classes sociais do Brasil nos últimos anos.

Diante de uma personagem que rouba quase todas as cenas, é difícil acreditar que a carreira de atriz não estava nos planos de Clarissa. Formada em jornalismo pela Unicap, ela se dedicou à edição e direção de vídeos em produtoras recifenses até se mudar para o Rio, em 2010. Sua ambição: fazer o curso de direção cinematográfica na Escola Darcy Ribeiro e estudar na Escola Nacional de Circo.

“Eu fui aluna de Fellipe e ele incentiva os alunos a se exercitarem nos filmes uns dos outros. Comecei a participar, de brincadeira, desses exercícios e ele disse que eu arrancava risadas de todo mundo. Seis meses depois que terminei o curso, Fellipe me ligou dizendo que tinha uma personagem para me testar”, relembra Clarissa. 

De acordo com ela, a empregada doméstica não existia na primeira versão do roteiro de Casa grande. A personagem só surgiu quando Fellipe concluiu o núcleo de empregados da mansão. “Ele queria Rita com sotaque pernambucano. A partir das ideias dele, eu traduzia para o ‘pernambuquês’ e trazia outros elementos nossos. Quando a personagem cresceu mesmo, Fellipe a manteve no filme”, explica a atriz.

A empregada Rita (Clarissa) e o motorista Severino (Gentil Cordeiro) são os dois pontos de apoio de Jean (Thales Cavalcante). Adolescente de classe média alta, lentamente ele percebe que o pai, um investidor (Marcello Novaes), não honra compromissos financeiros, enquanto a mãe (Suzana Pires) começa a vender produtos de beleza para outras amigas ricas. Secretamente falidos, a família começa a ruir.

Jean sofre bullying de amigos do Colégio São Bento, um dos mais tradicionais do Rio, como também se atrapalha no vestibular. Paralelamente, ele começa a se interessar por meninas. Numa festinha, conhece Luiza (Bruna Amaya), que tinha avistado num ônibus e estuda numa escola pública. 

Aos poucos, o adolescente descobre um mundo além da classe dele. Rita, por exemplo, é a versão clássica das empregadas domésticas das senzalas, que iniciavam os jovens senhores da casa-grande.

“Eu acho que o fetiche ainda existe, mas não é só de um lado. Rita acha que pegar o filho do patrão é interessante para o ego dela também. Apesar de estar numa situação subalterna, ela tem esse lado e usa e abusa do sex appeal. Provoca até o motorista. E tem essa coisa fogosa na personalidade dela”, comenta Clarissa.

Desde que estreou no Festival de Roterdã, na Holanda, em janeiro, Casa grande vem conquistando crítica e público. Em Paulínia, o filme ganhou outros três prêmios: Prêmio Especial do Júri, Ator Coadjuvante (Marcello Novaes) e Roteiro (Fellipe Barbosa e Karen Sztajnberg). No Festival do Rio, foi escolhido o Melhor Filme pelo Júri Popular.

Além de brilhar em Casa grande, Clarissa foi vista também em todas as sessões do Festival. Ela é a estrela de um comercial institucional da Globo Filmes. “Adorei os diálogos feitos a partir de títulos de filmes brasileiros e de ter sido dirigida por Cacá Diegues”, exulta a atriz. Na próxima semana, Clarissa representa a equipe do filme no Festival de Huelva, na Espanha, onde o longa participa da mostra competitiva. 

No próximo ano, avisa: vai fazer uma peça de teatro de rua, além de manter a produtora Moedor de Filmes, ao lado do namorado, o gaúcho Rafael Machado.

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