A teoria de tudo traz um caso de amor fora da curva

Indicado ao Oscar, o longa mostra a importância de Jane Wilde nos momentos difíceis de Stephen Hawking
Renato Mota
Publicado em 29/01/2015 às 5:40
Indicado ao Oscar, o longa mostra a importância de Jane Wilde nos momentos difíceis de Stephen Hawking Foto: NE10


Esqueça o drama do gênio da cosmologia, cuja mente decifra os mistérios do universo, mas se vê preso num corpo que perdeu a capacidade de se mover. O britânico Stephen Hawking nunca foi de sentir pena de si mesmo, ou de se colocar como vítima, e não seria em sua cinebiografia A teoria de tudo (The theory of everything, GBR, 2014), que chega hoje aos cinemas, que isso iria acontecer.

Tampouco espere sair da sala de cinema entendendo tudo de buracos negros, relatividade geral e mecânica quântica. O longa é baseado na biografia da ex-mulher do físico, Jane Wilde, portanto mais focado na relação entre os dois – e como lidavam com a evolução do quadro de esclerose lateral amiotrófica – do que nas conquistas acadêmicas de Hawking ao longo dos anos.

Esclarecidos esses pontos, é seguro dizer que A teoria de tudo é um filme estrategicamente construído para arrebatar o público e conquistar prêmios da crítica. E definitivamente é bem sucedido nos dois pontos, em grande parte pela atuação do protagonista, Eddie Redmayne, o que já lhe garantiu o Globo de Ouro, o SAG, o Hollywood Film Awards e, possivelmente, um Oscar. O ator disse que estudou a vida e os trejeitos do físico durante quatro meses. “Praticamente um doutorado”, brincou.

O filme começa com Hawking já aluno da Universidade de Cambridge, nos anos 1960 – pouco tempo antes de ser diagnosticado com a doença que lhe acompanha para o resto da vida – e segue até o final dos anos 1980. Stephen é um jovem, desengonçado e desleixado, mas igualmente talentoso e promissor estudante de cosmologia. Numa festa, ele conhece a estudante de poesia medieval ibérica (o velho clichê dos opostos que se atraem) Jane Wilde, interpretada por Felicity Jones.

Essa é a primeira divergência entre a realidade e a ficção. Não serão muitas, entretanto, já que A teoria de tudo mais omite do que altera. Nesse caso, Hawking conheceu sua futura esposa através da irmã, em 1964, já depois de ter sido diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica, no ano anterior. Por outro lado, o que o filme retrata muito bem é a importância de Jane na recuperação da autoestima do físico, que chegou a pensar em abandonar o doutorado, já que os médicos tinham lhe estimado apenas dois anos de vida.

É na representação da evolução da doença que a atuação de Redmayne brilha. Desde os primeiros sintomas até a evolução completa do quadro de paralisia, só é possível imaginar o esforço físico que o trabalho deve ter demandado do ator inglês. Aos 33 anos, Redmayne conseguiu destaque como o par romântico da Marilyn Monroe de Michelle Williams em Sete dias com Marilyn (2011) e como um dos protagonistas da série Pilares da Terra (2010).

Leia a crítica completa no Caderno C de hoje, do JC


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