CINEMA

Meus dois amores adapta obra de Guimarães Rosa

Filme tem Caio Blat e Maria Flor como protagonistas

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 18/03/2015 às 6:00
Mario Franco/Divulgação
Filme tem Caio Blat e Maria Flor como protagonistas - FOTO: Mario Franco/Divulgação
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Talvez o mais culto escritor brasileiro – dado a invenções linguísticas de dar inveja ao irlandês James Joyce –, João Guimarães Rosa recriou em seus livros um universo essencialmente popular e interiorano, rico em fábulas, histórias trágicas e personagens surpreendentes. Foi ao descobrir o conto Corpo fechado, presente no livro Sagarana – do qual faz parte também A hora e vez de Augusto Matraga, já adaptado duas vezes para o cinema –, publicado em 1946, que o diretor Luiz Henrique Rios descobriu o lado cômico do escritor mineiro.

O resultado dessa empreitada está impresso no longa-metragem Meus dois amores, que estreia nesta quinta-feira (19/03), no Recife, Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Situado no interior de Minas Gerais, o filme conta a história de Manuel, um vaqueiro fanfarrão, que vive dividido entre o amor por Beija-Fulô, uma mula, e a noiva Das Dô. Os dois personagens são interpretados por Caio Blat e Maria Flor, que pela quarta vez atuam juntos (antes, fizeram O bem-amado, Histórias de amor duram apenas 90 minutos e Xingu).

Meus dois amores é o primeiro longa-metragem de Luiz Henrique Rios, que há 25 anos dirige telenovelas e minisséries na TV Globo. Apesar da experiência, ele confessa um certo receio com o sentido que a palavra comédia adquiriu no cinema brasileiro. “Lá no passado, tínhamos duas grandes estruturas dramatúrgicas: as tragédias e as comédias. Eu vi que esse conto carregava o inusitado de uma comédia interessante. Meu objetivo era fazer um filme que mostrasse um Guimarães Rosa universal – para quem gosta de literatura e de cinema, com uma história saída do nosso âmago cultural”, explica o cineasta.

Produzido ao custo de R$ 5,2 milhões, o longa teve cenas externas filmadas em Carrancas, um pequeno município mineiro, perto de São João Del Rey, e numa cidade cenográfica construída no Rio. A ideia do diretor era criar “um lugar do interior”, como aqueles das histórias de Macunaíma, Pedro Malasartes, Jeca Tatu, Xicó e João Grilo. “Estamos vivendo um momento complexo da cultura brasileira e, de alguma maneira, queria mostrar esse Brasil profundo com um filme honesto e sem apelação”, acentua.

Para Caio Blat, que acabou de sair de um personagem trágico na novela Império, Meus dois amores é um respiro. “É um filme muito leve e gostei de trabalhar com a prosódia mineira. Pela primeira vez pude levar meus filhos para ver um filme em que atuo. Eles adoraram”, diz o ator, que também está envolvido no lançamento de outro longa, o drama romântico Ponte aérea, que estreia na próxima semana.

Além de Caio Blat e Maria Flor, o filme ainda traz no elenco Lima Duarte, Alexandre Borges, Ana Lúcia Torres, Vera Holtz e Julio Adrião, entre outros. Curiosamente, há um pequeno núcleo pernambucano, com a participação de Aramis Trindade, Fabiana Karla, a diretora de elenco Cibele Santa Cruz e o músico Lenine, que canta Fé cega, faca amolada, a música-tema do filme.

Leia a matéria completa na edição desta quarta-feira (18/06) no Caderno C, do Jornal do Commercio.

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