CINEMA

O mundo ácido de David Cronenberg em Mapas para as estrelas

Novo filme do diretor canadense estrei na próxima quinta-feira (20/4), no Cinema da Fundação

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 28/04/2015 às 15:17
Paris Filmes/Divulgação
Novo filme do diretor canadense estrei na próxima quinta-feira (20/4), no Cinema da Fundação - FOTO: Paris Filmes/Divulgação
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Desde o começo do novo milênio que o cineasta canadense David Cronenberg vem operando uma mudança em seu cinema: das entranhas dos seus personagens – cujo corpos se despedaçavam e viravam anomalias –, ele agora verifica os mecanismos de suas mentes e seus comportamentos psico-sociais. O mais recente fruto proibido de sua jornada é o longa-metragem Mapa para as estrelas, em cartaz no Cinema da Fundação, a partir da próxima quinta-feira, 30.

O filme, o quinto do diretor exibido no Festival de Cannes, é certamente a sátira mais destruidora feita sobre Hollywood e sua estranha fauna. Para ele, é uma sensível mudança de registro, não obstante sua estética continuar a mesma, clara e limpa como se ainda estivesse filmando em escritórios e salas de hospitais em Toronto. 

Pela primeira vez, Cronenberg pisa em solo americano e aponta suas lentes destorcidas para um universo inescrutável. Babilônia dos tempos modernos, Hollywood já foi decantada sob muitos olhares: de Billy Wilder (Crepúsculo dos deuses) a David Lynch (Cidade dos sonhos). Mas a reunião entre o diretor de A mosca e o roteirista Bruce Wagner parece ser a mais hiperbólica de todas as visões das quais a Meca do cinema americano já foi vítima.

O alcance de narrativa de Mapas para as estrelas é bastante amplo, mas tem como centro o núcleo de uma família disfuncional alucinada pela fama e a busca por sucesso dinheiro. Além disso, as revelações de segredos jogados para debaixo do tapete fazem com que o destino transforme a vida de cada um deles.

Guru das estrelas hollywoodianas, o Dr. Stafford Weiss (John Cusack) e sua mulher, Christina (Olivia Williams), são pais de Benjie (Evan Bird), um ator infantil que é a imagem de todo o lado negro de Hollywood. Ao redor deles, circulam vários personagens terríveis, como a atriz Havana Segrand (Julianne Moore), um poço de maldade poucas vezes visto no cinema. Robert Pattinson, que trabalhou com Cronenberg em Cosmópolis, reaparece agora como motorista de limusine (mas não é milionário).

Quem faz o filme avançar é Agatha (Mia Wasikowska), uma menina que chega a Hollywood para tentar a carreira. É por causa dela que o filme toma rumos imprevisíveis. Embora pareça uma crônica dos excessos de certo tipo especial de seres humanos, Cronenberg almeja captar algo mais poderoso e indizível. Julianne Morre, premiada em Cannes como Melhor Atriz, arrasa em toda as cenas. Sem sombra de dúvidas, Mapas para as estrelas é um melhores filmes do ano até agora.

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