CRÍTICA

Duelo de titãs no thriller de ação Noite sem fim

Filme tem embate entre os atores Liam Neeson e Ed Harris

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 30/04/2015 às 6:00
Warner Bros/Divulgação
Filme tem embate entre os atores Liam Neeson e Ed Harris - FOTO: Warner Bros/Divulgação
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Um ator cria sua mitologia basicamente fazendo o mesmo personagem. Na Hollywood da Era de Ouro, James Cagney, John Wayne e Humphrey Bogart repetiam-se à exaustão em filmes de gângsteres e faroestes. O irlandês Liam Neeson, um ator de comprovada eficiência, à sua maneira procura o status de ícone do cinema de ação policial contemporâneo.

Ele tem feito o mesmo personagem em pelo menos seis filmes. Finalmente, a teimosia chegou a um bom termo e a sua associação com o diretor espanhol Jaume Collet-Serra resultou no melhor entre todos eles: o thriller de ação Noite sem fim, que estreia nesta quinta-feira (30/4) em circuito nacional.

As diferenças entre Desconhecido e Sem escalas – os dois primeiros que Neeson fez com Collet-Serra – e a trilogia Busca implacável aparentemente não são muitas. Afinal, todos obedecem a ótica da ação ininterrupta, da violência ríspida e dos personagens solitários. Mas Noite sem fim vai um pouco mais além porque a história do filme traz um drama que sempre rende um bom filme.

Como as ligações de amizade que são postas à prova, o amor paternal de proporções bíblicas, que remete à Lei do Talião. Noite sem fim é um olho por olho que se passa no submundo do crime de Nova Iorque, mas que poderia ocorrer em qualquer lugar. Mas Nova Iorque é Nova Iorque é Collet-Serra mostra a cidade em todo seu esplendor noturno, viciante e perigoso.

Jimmy Conlon, o personagem de Neeson, é um ex-matador de aluguel corroído por remorsos. Sua ficha de assassinatos, realizada a mando do amigo Shawn Maguire (Ed Harris, sempre perfeito), é quilométrica. Mesmo sem trabalhar há anos, Jimmy e Shawn mantêm a amizade e um código de honra típico dos descendentes irlandeses. Mas nada será o mesmo quando Jimmy é obrigado a matar Danny (Boyd Holbrook), o filho de Shawn. O motivo não seria menos do que justo: ele mata o filho do amigo para salvar a vida de Mike (Joel Kinnaman, do remake de RoboCop, feito por José Padilha), seu próprio filho.

Esse ajuste de contas titânico acontece durante uma madrugada, com Jimmy tentando salvar o filho da caçada imposta por Shawn, que comanda um exército de bandidos, incluindo um assassino de aluguel (o rapper Common, numa boa participação). Para complicar ainda mais a situação de Jimmy, o policial John Harding (Vincent D´ Onofrio), que há anos investiga seus crimes, também está no seu encalço.

Esse grupo de atores espalhando testosterona por todos os lados garante ao filme uma forte coesão dramática. Mas é a costura da direção seca e direta de Jaume Collet-Serra, secundado pelas cores contrastantes captadas pelo diretor de fotografia alemão Martin Ruhe, que fazem Noite sem fim se manter na linha. Os tiroteios, pancadarias e caçadas de automóveis são de um realismo brutal. Se não fosse por alguns fricotes digitais, como as cenas rápidas que interligam as sequências, o filme seria ainda mais interessante.

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