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Cine PE dá a largada na programação de filmes neste sábado (02/5)

O documentário pernambucano Mães do Pina, de Leo Falcão, é o primeiro a ser exibido na Mostra Competitiva de Longas-metragens

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 01/05/2015 às 7:03
Urso Filmes/Divulgação
O documentário pernambucano Mães do Pina, de Leo Falcão, é o primeiro a ser exibido na Mostra Competitiva de Longas-metragens - FOTO: Urso Filmes/Divulgação
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A 18ª edição Cine PE: Festival do Audiovisual começa neste sábado (1º/5) em casa nova. Ou melhor, volta à sua primeira morada, o majestoso Cinema São Luiz, onde teve início, em 1997. Na programação, dois curtas das Mostras Competitivas; a sessão de abertura com O exótico Hotel Marigold 2, com a presença do diretor britânico John Madden: e a exibição de Mães do Pina, de Leo Falcão, a primeira das três produções pernambucanas que concorrem na Mostra de Longas-metragens. No domingo, além dos filmes das mostras competitivas, o festival homenageia o ex-governador Eduardo Campos e o escritor Ariano Suassuna, que morreram em 2014.

Após um hiato de quatro anos, em que se dedicou a vários projetos multimídias, à música e a um doutorado, o agitado e prolífico Leo Falcão faz mais um círculo em torno do cinema com o documentário Mães do Pina. O longa-metragem, um estudo etnográfico sobre cinco Ialorixás da Comunidade do Bode, no Bairro do Pina, se conecta com Guia prático, histórico e sentimental da cidade do Recife, de 2008, e Língua-mãe, de 2010, codirigido com Fernando Weller.

"Esse filme é o resultado de mais de quatro anos de trabalho, observação e pesquisa. Eu fui convidado por Mariana Bianchi, que participa do movimento dos terreiros, no bairro do Pina. Ela achou que eu seria a pessoa ideal para o filme devido ao tratamento que mostrei no meu primeiro documentário em relação ao terreiros, a partir da obra de Gilberto Freyre", explica o cineasta.

Novamente em parceria com o diretor de fotografia Beto Martins, Leo documenta a vida das mães de santo, o que acontece nos terreiros e a relação estabelecida entre elas, a comunidade e a equipe de filmagem. "Isso aconteceu porque, por mais que fôssemos estranhos àquela cultura, a gente se apresentou com um espírito muito aberto para entender. A postura é fundamental. No mais, a comunidade foi muito generosa e acolhedora", relembra.

Entre vários aspectos do dia a dia das mulheres, algumas delas com mais de 80 anos, está a preocupação com a preservação física do lugar, constantemente ameaçado pelo progresso e o crescimento urbano desenfreado, como uma forma de resistência. Nas imagens, os prédios vizinhos achatam ainda mais as casas do bairro. "Além disso, os moradores da comunidade sofrem outros impactos, como quando são contratados para trabalhar e o que se vê ainda é a exploração da mão de obra barata", alerta.

A permanência das tradições, tanto religiosas quanto culturais, principalmente na manutenção dos maracatus, também estão presentes no filme. Visualmente, Mães do Pina estabelece um dicotomia entre a comunidade e o entorno. Na pós-produção, Leo, Beto e José Rogério, especialista em colorização, deixaram a cor apenas em determinados pontos da realidade. Numa panorâmica, vemos a praia e os prédios do Pina em cores, enquanto as casas da comunidade ficam em preto e branco. Depois, apenas alguns adereços, principalmente os colares, também são colorizados. "A minha busca como cineasta não mudou muito. Ainda desejo de atingir a fronteira de formatos diversos, como a ficção, o documentário e a vídeo-arte. Neste caso especifico, flertei um pouco com o próprio mito religioso", teoriza.

Leia mais na reportagem publicada na edição deste sábado (1º/5) no Caderno C, do Jornal do Commercio.

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