Bate-papo

Lírio Ferreira conversa com espectadores de Sangue Azul

Cineasta esteve presente em sessão de seu filme no Moviemax Rosa e Silva

Do JC Online
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Publicado em 22/06/2015 às 14:46
Bobby Fabisak/JC Imagem
Cineasta esteve presente em sessão de seu filme no Moviemax Rosa e Silva - FOTO: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Quase 20 anos após a estreia na direção de longa-metragem, Lírio Ferreira continua realizando um cinema provocativo e aberto à interpretação do espectador. Foi o que vimos na exibição especial de seu mais recente longa, Sangue Azul, na noite do último sábado (20/6), na sala 1 do Moviemax Rosa e Silva, no bairro dos Aflitos, que contou com um debate com o diretor após a sessão.

No início do programa, às 20h30, Lírio agradeceu à plateia que formava cerca de um terço de sala para 156 espectadores. Após as duas horas de projeção, o cineasta voltou para conversar com um público de pouco mais de 30 pessoas que ficou para o debate, mediado pelo repórter Marcos Toledo, do Caderno C do Jornal do Commercio.

O diretor voltou a agradecer o interesse das pessoas para falar sobre o filme, visto que no período junino muita gente viaja. Assim como Sangue Azul, uma obra mais ou menos aberta e capaz de suscitar diversas leituras, o debate percorreu diversos aspectos do filme da carreira do cineasta.

Sangue Azul entrou em cartaz no último dia 4/6, inicialmente, em Pernambuco, no UCI Kinoplex Recife e no Cinema da Fundação, onde continua dividindo espaço com o Moviemax Rosa e Silva.

Lírio falou da dificuldade que é pôr o filme em cartaz disputando espaço com blockbusters. “Aqui, pertinho do bairro onde nasci (Casa Amarela), não está sendo fácil. São muitos filmes”, disse o diretor, que reclamou do mesmo problema há nove anos, quando faturou seis prêmios no Cine PE: Festival do Audiovisual com Árido Movie, longa que conquistou 12 troféus no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.

AVENTURA

“Se pudesse resumir, seria uma aventura, um sonho. Foi o primeiro filme todo rodado em Fernando de Noronha”, contou Lírio Ferreira, que relatou ainda sua experiência com o arquipélago, da primeira vez em que esteve lá, em 2008, passando pela elaboração do roteiro, em 2011, até as filmagens. “Sou um ex-surfista, mas o surfe não me levou para Noronha. O cinema me levou.”

A uma das espectadoras, que ficou intrigada com o personagem Caleb (papel do ator Paulo César Pereio), Lírio resumiu uma das características dele e de sua obra: “Gosto de deixar reticências”.

As interseções entre seus filmes foi outro tema abordado. Tanto Árido Movie quanto Sangue Azul tem como protagonista um filho pródigo que volta à terra natal e se vê diante de antigos conflitos. “Gosto também de colocar os personagens numa determinada geografia. Foi assim com O Baile Perfumado, no cânion do São Francisco; Árido Movie, no Vale do Catimbau; e agora com Sangue Azul, em Noronha. Talvez eu esteja fazendo o mesmo filme”, filosofou.

Perguntado se havia algum aspecto de psicanálise em Sangue Azul, o cineasta respondeu: “Sou muito intuitivo. As coisas vão fazendo sentido.” E concluiu: “Acho que nunca mais vou fazer um filme tão belo e tão imperfeito”.

Presente à sessão e ao debate, a produtora cultural mineira Isadora Fernandes, 39 anos, que mora há um ano e meio no Recife, disse que gostou de ficar após o filme e ouvir o cineasta. “Críticas, mesmo boas, são parciais. Quando você escuta o diretor você tem outra visão. Isso fortalece minhas idéias.”

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