Agora com projeção digital cristalina, tinindo de nova, o Cinema São Luiz está pronto para acolher festivais e sua programação regular. Quem primeiro tem a honraria de utilizar o novo equipamento - o projetor Barco 23B 4K e o processador Dolby Digital 7.1, tão sonhados pela classe ligada ao audiovisual pernambucano - é o Janela Internacional de Cinema do Recife. A oitava edição do evento, que a cada ano se firma como um modelo de curadoria - a cargo do cineasta Kleber Mendonça Filho -, dá a largada nesta sexta-feira (6/11), a partir das 17h, com a exibição de três filmes, para a maratona de 118 filmes de 21 países, durante dez dias. O prato principal é a primeira exibição local do premiado longa-metragem Boi Neon, de Gabriel Mascaro.
Neste primeiro fim de semana, a programação do Janela dá uma boa prévia do que teremos pela frente, com sessões das mostras competitivas, dos clássicos e exibições especiais. Além do São Luiz e do Cinema da Fundação, que desde 2010 vinham fazendo dobradinha, o festival ganhou um novo parceiro: o Cinema do Museu, em Casa Forte. A partir de amanhã, as duas salas da Fundaj entram na dança, com as portas abertas para o público já no início da tarde. Com equipamentos semelhantes, a qualidade das projeções está mais uma vez garantida.
Este ano, houve vendas antecipadas de ingressos, numa tentativa dos organizadores de diminuir as filas vistas em anos anteriores do festival. Para entrar nas sessões, porém, a fila deverá continuar a dar a volta no Edifício Duarte Coelho, onde fica o Cinema São Luiz. Afinal, as 992 poltronas da sala costumam ficar tomadas.
É o caso da esperada sessão de Boi Neon, certamente o filme brasileiro mais badalado do ano no circuito dos festivais internacionais de cinema (e nacionais também, já que ele vem papando prêmios por onde passa). A bem-sucedida trajetória do sexto longa-metragem de Gabriel Mascaro começou no Festival de Veneza, onde conquistou o Prêmio Especial do Júri da Mostra Orrizonti. Em seguida, recebeu uma menção honrosa no Festival de Toronto (Canadá) e ganhou os prêmios de Melhor Filme nos festivais de Adelaide (Austrália) e Varsóvia (Polônia). No Brasil, Boi Neon se tornou o terceiro filme pernambucano, em quatro anos, a ganhar o Troféu Redentor de Melhor Filme do Festival do Rio. Na noite de anteontem, levou quatro prêmios no Panorama Internacional Coisa de Cinema de Salvador.
Além dos prêmios nos festivais, o longa tem sido saudado efusivamente pela crítica, tanto internacional quanto brasileira. Desde a ano passado, quando Ventos de Agosto foi exibido no Festival de Locarno, os críticos falam da estética particular de Mascaro. Em Boi Neon, destacam a maneira como o diretor apresenta novas configurações de gênero. Na trama, um vaqueiro (Juliano Cazarré) sonha virar estilista, enquanto uma mulher (Maeve Jinkings) dirige um caminhão que conduz a trupe pelas vaquejadas do interior do Estado.
No domingo, também no São Luiz, acontece a primeira exibição de A Seita, de André Antônio, outro longa pernambucano cercado de grande expectativa. A trama do filme, uma ficção científica, se passa em um Recife futurístico e decadente. O condutor da narrativa é um jovem gay (Pedro Neves) que prefere voltar a viver na cidade do que morar numa colônia espacial.
Como sempre, a programação de clássicos é outro must do Janela, que este ano ainda traz uma retrospectiva de filmes ingleses de terror, entre eles Os Inocentes, A Múmia e A Companhia dos Lobos.
Programação do fim de semana
CINEMA SÃO LUIZ
Sexta-feira, dia 6
17h | ESPECIAL: Não é um filme caseiro, Chantal Akerman – 115 min
19h15 | Abertura British Gothic (Gótico Britânico): Os Inocentes, Jack Clayton, 1961 – 100 min
22h | Faz que vai, Bárbara Wagner e Benjamin de Búrca + ABERTURA DA MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS: BOI NEON, Gabriel Mascaro – 101 min
Sábado, dia 07
11h | Sessão Bossa Jovem: CLÁSSICOS: CRÍA CUERVOS, Carlos Saura, 1976 -110 min
15h | ESPECIAL: As Mil e Uma Noites, Miguel Gomes – 125 min
17h30 | Competitiva Curtas Internacional 1: Territórios – 86 min
20h | COMPETITIVA LONGAS: Mate-me por favor, Anita Rocha da Silveira – 105 min
22h30 | CLÁSSICOS: O GRANDE LEBOWSKI, Joel Coen, 1998, 117 min
Domingo, dia 8
11h | FANTASIA, Norm Ferguson, 1940 – 125 min
14h30 | CLÁSSICOS: Amor Sublime Amor, 1997 – 154 min
17h30 | Competitiva Curtas Nacional 1: Acerto de Contas – 76 min
19h45 | COMPETITIVA LONGAS: Aspirantes, Ives Rosenfeld – 71 min
21h40 | ESPECIAL: A Seita, André Antônio, 2015 – 70 min + debate
Sábado, dia 7
15h | Programa Filmes de Ação – Estelita e o audiovisual como combate – 72 min + debate
18h | CLÁSSICOS: DESENCANTO, David Lean, 1945 – 86 min
20h | ESPECIAL: O Evento, Sergei Loznitsa – 74 min
21h30 | British Gothic (Gótico Britânico): A Múmia, Terence Fisher – 86 min
Domingo, dia 8
14h | British Gothic (Gótico Britânico): A Companhia dos Lobos, Neil Jordan, 1984 – 95 min
16h | Competitiva Curtas Internacional 1: Territórios – 86 min (reprise)
18h | ESPECIAL: Ralé, de Helena Ignez, 73 min + debate
20h15| CLÁSSICOS: JACKIE BROWN, Quentin Tarantino, 1997 – 154 min
CINEMA DO MUSEU
Sábado, dia 7
15h | ESPECIAL: A paixão de JL, Carlos Nader – 82 min
17h | Reprise: COMPETITIVA LONGAS: BOI NEON + Debate – 101 min
20h | ESPECIAL: 3 FILMES SAFADOS – 51 min
21h30 | British Gothic (Gótico Britânico): UM CAÇADOR DE BRUXAS, Michael Reeves, 1968 – 86 min
Domingo, dia 8
15h | ESPECIAL: Cemitério do Esplendor, Apichatpong Weerasethakul – 122 min
17h30 | Competitiva Curtas Internacional 2: De Cá/De lá – 76 min
19h15| COMPETITIVA LONGAS: O Tesouro, Corneliu Porumboiu – ROM – 89 min
21h15| CLÁSSICOS: CRÍA CUERVOS, Carlos Saura, 1976 – 110 min