CINEMA

Retratos do Brasil em dois documentários exibidos Janela de Cinema

Seca e Futuro Junho, de Maria Augusta Ramos, ganham exibição a partir desta quarta-feira (11/11)

Ernesto Barros
Cadastrado por
Ernesto Barros
Publicado em 11/11/2015 às 9:28
Divulgação
Seca e Futuro Junho, de Maria Augusta Ramos, ganham exibição a partir desta quarta-feira (11/11) - FOTO: Divulgação
Leitura:

A brasiliense Maria Augusta Ramos, 51 anos, já escreveu seu nome na história do cinema documental brasileiro. Entre 2004 e 2014, ela dirigiu três longas-metragens que ajudaram o público brasileiro a perceber melhor como funcionam os tribunais públicos (Justiça e Juízo) e a relação das comunidades cariocas com a polícia (Morro dos Prazeres).

Por 20 anos, a cineasta dividiu-se entre o Brasil e a Europa. No ano passado, ela decidiu voltar a morar exclusivamente no País e entrou de cabeça em dois projetos, realizados, quase simultaneamente, que agora estão percorrendo o circuito do festivais brasileiros e internacionais. Os documentários Seca e Futuro Junho estão na programação do VIII Janela Internacional de Cinema do Recife.

Seca, filmado em Pernambuco, ganha exibição especial nesta quarta (11/11), às 19h, no Cinema do Museu, com a presença da diretora, que participa de um debate após a sessão. Na quinta (12/12), às 19h10 min, Futuro Junho será exibido no Cinema São Luiz, dentro da Mostra Competitiva de Longas-Metragens do Janela. Mais uma vez, o rigor estético e o olhar político de Maria Augusta Ramos são as marcas dos seus dois novos filmes.

Seca é um projeto mais antigo, que escrevi depois de uma viagem pelo Nordeste, entre Pernambuco e a Paraíba. Me encantei com o sertanejo, com a música e vi de perto o problema da seca. Depois que ganhei o patrocínio da Petrobras, fiz outra viagem e descobri o caminhão-pipa, que garantiu a força da narrativa. Com a crise hídrica do Sudeste, o tema ficou ainda mais urgente”, explica a cineasta, em entrevista por telefone.

Em Futuro Junho, Maria Augusta segue quatro personagens, moradores de São Paulo, o centro financeiro do País. Para a cineasta, cada um representa um viés diferente da vida econômica do País: um analista financeiro (André Perfeito), um metroviário (Alex Fernandes), um metalúrgico (Anderson dos Santos) e um motoboy (Alex Cientista).

Colocados lado a lado, Seca e Futuro Junho se assemelham pelo imagem irrepreensível e respeito que Maria Augusta têm pelos personagens. Quem dita a diferença são os ambientes onde os filmes se passam, com o frenesi de São Paulo e a paisagem imutável do Sertão. Uma das principais característica do estilo documental da cineasta é a completa ausência de depoimentos e entrevistas.

“Eu espero que os filmes aflorem a reflexão, este é o meu trabalho como documentarista. Não é explicar, mas refletir sobre estes temas urgentes como a questão da seca e do modelo econômico do País. Precisamos saber porque estamos voltando sempre para o mesmo lugar, sem conseguir evoluir como sociedade”, raciona.

Leia a reportagem completa na edição desta quarta-feira (11/11) no Caderno C, do Jornal do Commercio.

Últimas notícias