CINEMA

Obra de Simião Martiniano é homenageada no Cinema São Luiz

Honraria faz parte do encerramento do 17º FestCine

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 12/12/2015 às 6:00
Página 21/Divulgação
Honraria faz parte do encerramento do 17º FestCine - FOTO: Página 21/Divulgação
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Simião Martiniano, o camelô do cinema, foi um personagem incomum do audiovisual pernambucano. Sua morte, há oito meses, aos 82 anos, está incluída na lista das grandes perdas do ano. Na noite deste sábado (13/12), por um breve momento, seu corpo esguio, quase espectral, irá circular pelo Cinema São Luiz, durante uma homenagem ao seu legado, no encerramento do 17º FestCine.

O cineasta, que nasceu em Alagoas, será lembrado de uma maneira que ele iria adorar. Pela primeira vez, antes de chegar aos canais de TV, a série Simião Remake, produzida pela Página 21 e patrocinada pelo Funcultura, ganha uma exibição pública. De uma tacada só, os espectadores vão assistir a um documentário e três curtas-metragens inspirados em seus filmes, os já clássicos A Mulher e o Mandacaru (1996), A Moça e o Rapaz Valente (1998) e A Valise Foi Trocada (2004).

Dirigido por Amaro Filho, o documentário é um misto de biografia e making of da série. Além da história de Simião, que relembra como produzia os filmes, todos gravados em Super VHS e realizados praticamente sem dinheiro, há entrevistas com alguns amigos que o acompanharam por toda a vida, como ator e diretor assistente José Manoel.

“O que sempre me preocupou era que, embora Simião fosse muito festejado, os filmes dele quase não eram conhecidos. Por causa do formato VHS, há uma recusa em exibi-los. Os filmes podem preencher essa lacuna para que mais pessoas se interessem pelos originais”, acredita o produtor Rafael Coelho, que dirigiu um episódio, fez algumas pontas e editou todo o projeto.

Gravados em alta definição, com atores profissionais e técnicos locais, os filmes condensam as histórias, mas não traem o espírito de Simião, que foi ator em todos eles. Rafael dirigiu o remake de A Mulher e o Mandacaru, um faroeste que mistura traição, vingança e uma vasta galeria de personagens infelizes, com direito a cenas de violência e sexo.

Em A Valise Foi Trocada, Eduardo Monteiro capricha no visual e nas locações recifenses, na versão daquele que foi o último e mais urbano longa-metragem de Simião. Em ritmo de thriller, o filme segue os destinos de vários personagens envolvidos com o desaparecimento de uma valise cheia de dinheiro.

Essas duas histórias de gêneros populares fazem parte de uma das vertentes do cinema de Simião. A outra, mais poética e brejeira, é representada pelo divertido A Moça e o Rapaz Valente, dirigido por Antônio Carrilho. O tratamento que Carrilho deu à história do vagabundo, interpretado pelo ator caruaruense Nerisvaldo Alves, que enfrenta um coronel e casa com a filha dele, é pura poesia. 

Graças ao trabalho da Página 21, que restaurou suas obras e lutou para o cineasta continuar ativo, o cinema peculiar de Simião Martiniano não irá morrer jamais. Em breve, Simião invade os lares de todo o Brasil.

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