Talento

Nathalia Dill comemora a estreia de Por Trás do Céu no Cine PE

Em entrevista exclusiva ao JC, a atriz fala sobre Aparecida, a protagonista do filme

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 03/05/2016 às 8:00
Foto: André Nery/JC Imagem
Em entrevista exclusiva ao JC, a atriz fala sobre Aparecida, a protagonista do filme - FOTO: Foto: André Nery/JC Imagem
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Ser o longa de abertura de um importante festival de cinema é motivo de tensão. E fazer parte desse filme exige mais responsabilidade ainda. E quando se é protagonista? Atenção triplicada. Por mais pressão que se possa sofrer, foi em uma atmosfera tranquila que o Jornal do Commercio encontrou para conversar com a atriz Nathalia Dill, no QG do Festival Cine PE, o Hotel Sete Colinas, em Olinda.

Sem maquiagem, sandália rasteirinha e um simples vestido, Nathalia surgiu quase brejeira para falar de Aparecida, sua personagem no filme Por Trás do Céu, dirigido por Caio Sóh, seu ex-marido. O longa teve a primeira exibição oficial ontem no Cinema São Luiz, na abertura da 20ª edição do festival pernambucano. A atriz deixou para ver a obra finalizada pela primeira vez junto com o público e disse estar bem feliz com o rumo que o cinema nacional está tomando. "Acho que (o cinema brasileiro) está ganhando cada vez mais força, tanto no País como internacionalmente. Os temas são cada vez mais diversos. Antigamente tinha um 'ah, é filme brasileiro' porque, a maioria tinha um contexto parecido, um universo parecido. Acho que agora ele está mais eclético", explica Nathalia.

Por Trás do Céu traz em seu elenco ainda atores como o pernambucano Renato Goés, Paula Burlamaqui e Emilio Orciollo. O filme foi captado há dois anos, tendo o Lajedo do Pai Mateus, em Cabaceiras, sertão da Paraíba, como principal cenário em quase 40 dias corridos de trabalho. E gravar na "Roliúde Nordestina", que já foi pano de fundo para outras obras audiovisuais como a minissérie/filme O Auto da Compadecida, de Guel Arraes, também tem os seus percalços: "Como gravávamos sobre a pedra, a gente não tinha nenhuma proteção. E a casa que ainda foi construída em cima dela era inclinada. Então a gente andava meio escorregando, sempre meio fora do eixo e no sol. Lembro que no segundo dia de filmagem parecia que já estávamos há um mês lá", brinca Nathalia ao relembrar que ainda presenciou um momento atípico no local: "Teve um dia que a gente cancelou a gravação porque choveu. Mas ninguém ficou chateado com o cancelamento porque não chovia há muito tempo por lá", ressalta.

Não é a primeira vez que a atriz participa de uma obra cinematográfica no Nordeste. Há três anos, a atriz deu vida à DJ Érica no filme Paraísos Artificiais, dirigido por Marcos Prado, e que teve cenas filmadas na Praia do Paiva, litoral Sul de Pernambuco. "Foi muito legal também. Acho que no Nordeste as pessoas tem uma proatividade muito grande e um carinho, uma alegria a mais. Lembro que em Paraísos a gente tinha que fazer uma rave e tinha uma figuração enorme (1.500 pessoas, segundo a Globo Filmes). E lembro que na hora que o diretor dava o 'corta!', as pessoas falavam 'ah!', tipo, 'bota a música de novo', sabe? As pessoas estavam curtindo a festa. É diferente de figurações que se cansam, que só querem fazer o trabalho e pronto. Eles já chegaram para dançar, com uma outra alegria", relembrou.

O sucesso na televisão (ela está no ar como Branca, na novela Liberdade, Liberdade, da Rede Globo), porém, faz com que Nathalia não faça mais cinema como gostaria. "Fiz algumas participações porque é complicado conciliar. Os convites aparecem, mas, quando estou em alguma novela, fica difícil assumir o compromisso. Eu gosto de fazer cinema porque tem um outro olhar, uma outra linguagem, me coloca em contato com outro público, aborda o tema de outra forma. E é muito instigante fazer", afirma.

A atriz disse que gosta muito de ler livros que ajudem a compor os seus personagens. Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, e obras de Ariano Suassuna foram seus suportes para a sofrida Aparecida de Por Trás do Céu. O ator Emilio Orciollo chegou a comparar a personagem de Nathalia com a Amélie Poulain. Uma versão sertaneja do personagem que o diretor francês Jean-Pierre Jeunet levou às telas. Dill expressou seu ponto de vista: "Ela é muito sonhadora e constrói a própria realidade, um pouco Amélie mesmo. Aparecida também faz um mundo particular e isso é muito bonito. Mas Aparecida tem um pouco mais de dor, enquanto Poulain carrega na angústia", refletiu.

Sobre o ofício de atuar, ela revela-se feliz por estar realizando um sonho que tinha desde a infância. "Era uma brincadeira de criança, que a escola propôs e eu fui me encontrando, me divertindo e agradeço muito por estar nesse universo até hoje. Vivendo de arte", finalizou.

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