CRÍTICA

Jason Bourne volta para se acertar com o passado

Novo filme da franquia de espionagem estreia nesta quinta-feira (28/7)

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 27/07/2016 às 9:16
Universal Pictures/Divulgação
Novo filme da franquia de espionagem estreia nesta quinta-feira (28/7) - FOTO: Universal Pictures/Divulgação
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Em três filmes estrelados por Matt Damon e outro sem a sua presença, a franquia Jason Bourne faturou mais de US$ 1 bilhão (R$ 3,27 bi) nas bilheterias mundiais. Porque esta galinha dos ovos de ouro estava paralisada desde 2007 é um mistério (aquele filme com Jeremy Renner não conta). Mas a resposta para os fãs – sim, Jason Bourne é o James Bond pós-11 de setembro – chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (278/7), com a estreia do novo longa do personagem: Jason Bourne, simplesmente assim – como Sylvester Stallone já fizera no retorno ao mundo do boxe em Rocky Balboa.

Nos nove anos que se passaram deste O Ultimato Bourne, o mundo mudou e as ameaças aumentaram ainda mais. É nesse clima de insegurança – principalmente às liberdades individuais – que o agente da CIA reaparece. Não mais amnésico, porém com sede de respostas sobre o pai, que ele viu morrer num ataque terrorista. Para demonstrar que Bourne estava vegetando em algum lugar do mundo, o diretor Paul Greengrass, que comandou os últimos filmes da franquia e escreveu o roteiro do novo, mostra o agente sobrevivendo a duras penas num circuito de boxe clandestino, na fronteira entre a Grécia e a Macedônia.

Essa entrada já é suficiente para o espectador perceber que Matt Damon estava esperando para voltar ao personagem. Entretanto, além da forma física, o ator traz um personagem mais taciturno e calado, que não confia em ninguém, com exceção da aliada Nicky (Julia Stiles) e de Heather Lee (Alice Vikander, de A Garota Dinamarquesa), uma nova funcionária da agência, especializada em rastrear pessoas por meio de dispositivos eletrônicos e virtuais.

Nessa nova configuração da CIA, o diretor Robert Dewey (Tommy Lee Jones, letal com sempre), que não acredita nem um pouco no agente expatriado e manipula todos os seus funcionários, os Estados Unidos estão para desenvolver um programa de supervigilância, capaz de coletar dados e rastrear qualquer cidadão. O filme se torna ainda mais atual com inúmeras referências a Edward Snowden, o agente que liberou segredos para o Wikileaks, e Mark Zuckerberg, que inspirou o dono de uma rede social semelhante ao Facebook.

A direção nervosa e energética, marca registrada de Greengrass, ganhou doses extras de adrenalina em Jason Bourne, se isso ainda era possível. Mas, acredite, o diretor de Voo United 93 tira o fôlego do espectador em dois momentos antológicos do cinema de ação: primeiro, numa perseguição sem fim na Grécia, durante um protesto político em Atenas, quando Jason tenta receber um arquivo importante de Nicky, tendo o agente vingativo Asset (Vincent Cassel) no encalço deles.

A outra vez se dá em Las Vegas, na volta de Bourne aos Estados Unidos, ao se confrontar com o passado e novamente com Asset, que dirige um carro da SWAT e destrói dezenas de automóveis numa avenida. Por causa dessa cena, o filme foi, momentaneamente, tirado de cartaz na França, no dia seguinte ao ato terrorista de Nice, quando um motorista avançou sobre uma multidão que comemorava o feriado da Queda da Bastilha, no último dia 14. Esse sabor de realidade, sem dúvida, continua forte em Jason Bourne. E, pelo jeito, a volta do agente ainda vai render outros filmes.

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