CINEMA

Crítica: filme de Assassin's Creed não é ótimo, mas diverte

Mais um longa na lista de filmes adaptados de games, a produção conta com elenco estelar e críticas negativas nos EUA

Renato Mota
Cadastrado por
Renato Mota
Publicado em 11/01/2017 às 8:38
Foto: Divulgação
FOTO: Foto: Divulgação
Leitura:

O filme Assassin’s Creed, que leva para os cinemas um universo que já é adorado nos games, apesar de só chegar às salas brasileiras amanhã, estreou nos Estados Unidos um mês atrás. E foi massacrado pela crítica.

O longa está com 17% no Rotten Tomatoes – entre as menores notas dos filmes recentes. Mais uma na longa lista de filmes adaptados de games. Pior: uma que talvez enterre as chances desse gênero prosperar, uma vez que ele foi produzido pela própria Ubisoft, responsável também pelos jogos.

Mas, ao fim da sessão, o sentimento que fica é que Assassin’s Creed não é tão ruim assim. Não é ótimo. Pode ser até considerado bom, divertido (ou distraído). Mas definitivamente não é horrível. Talvez, antes de julgar uma obra pela crítica que fizeram dela, você pudesse se lembrar do lema dos Assassinos: “Nada é verdade. Tudo é permitido”. 

O filme conta com um elenco estelar. Michael Fassbender é o protagonista e o produtor, e teve ao seu lado o diretor Justin Kurzel, com quem trabalhou na mais recente adaptação de Macbeth (2015). Também repetindo a dose da adaptação de Shakespeare, veio a outra protagonista, a sempre maravilhosa Marion Cotillard. Completam o casting Jeremy Irons, Brendan Gleeson, Charlotte Rampling e Michael K. Williams. Nunca um filme de game foi tão prestigiado.

A trama não adapta diretamente o enredo de nenhum dos jogos, ao invés disso traz um novo protagonista, um novo cenário histórico e modifica alguns dos conceitos apresentados nos games. Mas, resumindo, é a mesma coisa: Assassinos e Templários disputam o poder desde que o mundo é mundo, cada um com sua convicção. No presente, os templários capturam um descendente de um assassino para, a partir das suas memórias genéticas, acessar o antepassado famoso e buscar um artefato místico que pode desequilibrar o conflito. Para isso, colocam o sujeito numa máquina chamada Animus, que permite ao assassino reviver momentos da vida do seu antepassado como se estivessem no mesmo lugar.

Foto: Divulgação
- Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
- Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
- Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
- Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
- Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
- Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
- Foto: Divulgação

Para o filme, o Animus deixou de ser só uma cadeira de dentista hi-tech e passou a ser um braço mecânico, que faz com que Callum Lynch (Fassbender) não só viva as aventuras de Aguilar de Nerha (Fassbender maquiado) na Espanha de 1492 dentro da sua cabeça, mas também fisicamente, num ambiente projetado onde estão os templários, inclusive a cientista Sophia Rikkin (Cotillard), filha do chefão templário local, Alan Rikkin (Jeremy Irons).

Em um ponto o filme de Assassin's Creed é uma adaptação perfeita dos jogos: a trama de Aguillar na inquisição espanhola é muito mais divertida do que a de Lynch no presente. Assim como nos games, você quer que ele entre logo no Animus para voltarmos à trama de época. As cenas de ação são de longe o ponto alto do filme. Se os personagens não convencem muito, quando a ação toma conta, filme e game se aproximam – especialmente nas cenas de fuga pela cidade histórica. Perto do fim, o filme entra praticamente num “quarto ato”, que acaba cansando, mas pelo menos serve para entregar um filme mais redondo e com algumas pontas soltas para continuações.

RECONSTITUIÇÃO DE ÉPOCA

A história da disputa entre Assassinos e Templários nasceu para ser multimídia. O filme que estreia amanhã é só a ponta do iceberg criado pela desenvolvedora francesa Ubisoft. Assassin’s Creed já conta com nove jogos digitais (e outros tantos mobile), onze graphic novels, nove livros, três curta-metragens e finalmente, um longa. 

As origens do jogo, porém, vêm de um clássico do gênero. O primeiro Assassin’s Creed, lançado em 2007 para Xbox 360, Playstation 3 e PC, deveria ser uma continuação de Prince of Persia: Areias do Tempo(que também virou filme, em 2010). A ideia era que, na sequência, o jogador deveria controlar um Assassino e resgatar o príncipe. Mas um Prince of Persia sem o “prince” não fazia sentido, e o game então ganhou vida própria.

Desde então a dinâmica tem sido a mesma: através da exploração do código genético no presente (ou num futuro próximo), podemos viajar para o passado e explorar um momento diferente do conflito entre as duas organizações, Assassinos e Templários, que possuem ideologias e métodos diametralmente opostos. Os Templários querem controle, obediência e ordem, enquanto os Assassinos prezam pela liberdade, livre-arbítrio e a individualidade. Esse conflito já existe há séculos, mas o primeiro momento que acompanhamos (no primeiro jogo) acontece durante a Terceira Cruzada, na Terra Santa, em 1191. Encarnando Altaïr Ibn-La’Ahad, devemos combater os templários em Jerusalém, Damasco e Acre, cidades medievais recriadas de forma impressionante no jogo.

Esse esmero continuou nas sequências. Na pele de Enzio Auditore, ao longo de três jogos, conhecemos as regiões italianas de Florença, Veneza, Toscana, Forlí e Roma, além de Istambul, na Turquia, todas durante o período do Renascimento. Apesar de o jogo se passar num universo de fantasia, a Ubisoft sempre prezou pela veracidade histórica dos jogos – então prepare-se para encontrar não só marcos significativos das cidades, mas também personalidades verdadeiras que viveram na época. Nas continuações, Assassin’s Creed foi para a América (Boston e Nova York do período da Independência), Caribe dos piratas no século 18, Paris nos anos da Revolução Francesa e a Londres vitoriana do fim do século 19. 

Últimas notícias