Crítica

Renato Aragão faz festa no cinema no novo 'Os Saltimbancos Trapalhões'

Intéprete do eterno Didi Mocó celebra 50 filmes com longa inédito inspirado em um clássico dos Trapalhões

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 18/01/2017 às 5:00
Foto: Páprica Fotografia/Divulgação
Intéprete do eterno Didi Mocó celebra 50 filmes com longa inédito inspirado em um clássico dos Trapalhões - FOTO: Foto: Páprica Fotografia/Divulgação
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Para aqueles saudosos do filme Os Saltimbancos Trapalhões, de 1981, um aviso, antes de tudo: a versão 2017, que ganhou o subtítulo de Rumo à Hollywood e chega nesta quinta-feira (19) aos cinemas de todo o Brasil, não é um remake. De semelhante ficaram apenas a trilha sonora e nomes de alguns personagens. O roteiro é completamente diferente daquele longa do início dos anos 1980, mas para as gerações que cresceram acompanhando o “da poltrona” nas telinhas e, principalmente, nas telonas, vale a pena dar uma chance a este 50º filme de Renato Aragão que tem, de fato, uma atmosfera de comemoração.

No novo enredo escrito por Mauro Lima (com argumento de Claudio Botelho, Charles Möeller e Renato Aragão), Didi Mocó e Karina (Letícia Colin) têm a difícil missão de ajudar o Grande Circo Sumatra a sair de uma grave crise financeira. Quando Barão (Roberto Guilherme), dono do circo, aceita propostas do corrupto prefeito da cidade (Nelson Freitas), eles se reúnem para montar um novo número e atrair o público de volta. O roteiro surge a partir dos sonhos malucos de Didi, que conversa com animais falantes. Além do prefeito, eles enfrentam a arrogância do gerente do circo, Assis Satã (Marcos Frota), e sua cúmplice, Tigrana (Alinne Moraes), para tentar salvar o circo e levar adiante a ideia de um novo e sensacional espetáculo.

Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood também traz de volta Dedé Santana aos filmes de Renato, ausente desde O Trapalhão e a Luz Azul (1999). A parceria é retomada para coroar o momento especial do protagonista da história.

A direção de João Daniel Tikhomiroff trouxe a trama para os dias atuais, com números musicais ágeis e alegres. Nos primeiros momentos do longa, o clássico Pirueta, de Chico Buarque, apresenta bem o espaço circense e o elenco de artistas e bailarinos que tomam conta de cada canção.

O elenco jovem se sobressai com o trabalho de Letícia Colin. A atriz, que já teve experiências com musical, honra bem a personagem que, na história de 1981, foi interpretada por Lucinha Lins. Emílio Dantas na pele de Frank Severino e Rafael Vitti como o acrobata Pedro cumprem as expectativas de seus papéis, sem nenhuma surpresa. Entre os adultos, Alinne Moraes se destaca como Tigrana, e Maria Clara Gueiros arranca algumas risadas como a cigana charlatã Zoroastra.

EMOÇÃO CONFUNDE FICÇÃO E REALIDADE

Mesmo com a alegria e o bom humor de Didi, que diverte os espectadores com suas famosas tiradas, o filme traz momentos de emoção em que enxergamos mais o criador do que a criatura em si. No dueto dele com Luiza, interpretada por Livian Aragão, nos primeiros versos de Minha Canção, vemos o encantamento de Renato ao admirar a sua filha em cena. E ao fim do filme, quando é devidamente reverenciado, com direito a uma rápida e emocionante menção aos Trapalhões que se foram, não se enxerga Didi em cena novamente e, sim, um ator grato pela história de sucesso que construiu por gerações.

Por isso, a certeira sequência que abre o filme – com Didi Mocó recebendo um “OsCaras” em Hollywood pelo conjunto da obra – faz todo o sentido se considerarmos o árduo trabalho desse cearense em divertir crianças de todas as idades em cinco décadas de carreira.

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