CINEMA

Zezé Motta comemora 50 anos de cinema no Recife

Atriz e cantora ganha mostra com filmes, debates e ainda faz pocket show

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 06/06/2017 às 16:15
Jadiel Carvalho/Divulgação
Atriz e cantora ganha mostra com filmes, debates e ainda faz pocket show - FOTO: Jadiel Carvalho/Divulgação
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“Xica da, Xica da, Xica da, Xica da Silva, a negra!” O refrão da música de Jorge Ben Jor, escrita a pedido do diretor Cacá Diegues, foi ouvida por mais 3 milhões de espectadores, que pagaram ingresso para ver o longa-metragem Xica da Silva, lançado no segundo semestre de 1976. O filme está entre 10 mais vistos naquela década, uma das mais prolíficas em bilheteria do cinema brasileiro. A atriz, cantora e ativista fluminense Zezé Motta, que personificou em corpo e alma a escrava que se tornou amante do fidalgo João Fernandes, completa 50 anos de atuação no cinema e na TV. Pelo papel, ela foi agraciada no Festival de Brasília com o Candango de Melhor Atriz.

Para o público, Xica da Silva e Zezé Motta tornaram-se uma só pessoa. Ninguém pensa em Zezé sem deixar de lembrar de Xica da Silva – e vice-versa. Mas Xica da Silva é apenas a ponta do iceberg da “cantriz”, como Zezé às vezes se identifica. Para comemorar as cinco décadas dedicadas à arte da interpretação, a filha dela, Carla Barbosa, elaborou um projeto que traz 20 filmes – entre curtas, médias e longas-metragens –, em que Zezé mostra seu magnético talento diante das câmeras. “Estou muito feliz, o reconhecimento de 50 anos de luta é muito bom e sou grata à Caixa Cultural, que ao longo do anos tem sempre me prestigiado, com shows em seus espaços por todo o País”, disse Zezé por telefone, numa entrevista dada no último domingo.

Na abertura, hoje à noite, o público vai assistir ao documentário La Femme Enchantée, realizado em 1987 pela cineasta francesa Ariel de Bigault. Depois, é a vez de Zezé fazer um pocket show com canções que marcaram sua carreira de cantora, pinçadas dos 11 discos que ela lançou desde 1975. Em 50 anos de carreira, Zezé soube como nenhum outro artista brasileiro caminhar sobre as areias movediças do show business, sem contar que ela também é uma lutadora incansável pela igualdade de condições de trabalhos para os artistas negros no teatro, no cinema e na TV.

A mostra Zezé Motta – 50 Anos de Cinema, que vai até o dia 17, é uma oportunidade imperdível de ver como a atriz tem consciência do seu papel ao dar vida a personagens negras da história do Brasil. O cineasta alagoano Cacá Diegues tem sido o seu maior interlocutor nessa viagem. Juntos, fizeram cinco longas-metragens, em que deram vida a figuras míticas como Xica da Silva e Dandara, a mulher do líder negro Zumbi dos Palmares, que ela interpretou em Quilombo, em 1984. Devido a essa intimidade, Cacá Diegues vem ao Recife na próxima terça-feira para uma conversa com Zezé, mediada pela curadora Iléa Ferraz. Na próxima sexta, haverá a palestra A Mulher Negra no Cinema Nacional, com a participação das produtoras e realizadoras Carla Francine e Juliana Lima.

Da participação em mais de 40 filmes – sem contar os 35 trabalhos na TV, entre telenovelas e seriados –, a mostra traz um recorte variado. Além de Xica da Silva e Quilombo, vão ser exibidos alguns filmes marcantes, como Tudo Bem, de Arnaldo Jabor, em que Zezé interpreta uma empregada doméstica que também leva uma vida de prostituta.
Dois dos seus últimos filmes foram feitos em Pernambuco: em 2007, ela fez uma cafetina que mora no Edifício Holliday, em Boa Viagem, no filme Deserto Feliz, de Paulo Caldas. Numa cena extra do filme, Zezé canta a música Pode me Chamar, da Banda Eddie. Tá no YouTube. Há cinco anos, ela fez Priscila, a amiga de infância do Rei do Baião Luiz Gonzaga, no biográfico Gonzaga – De Pai pra Filho, que Breno Silveira filmou no Sertão do Estado. Viva Zezé!

PROGRAMAÇÃO

Hoje, 6
19h - Zezé Motta – La Femme Enchantée (1987), de Ariel de Bigault – Livre
20h25 - Apresentação das curadoras e da Caixa Cultural
20h35 - Pocket show com Zezé Motta
Amanhã, 7
12h50 - Zezé Motta – La Femme Enchantée (1987), de Ariel de Bigault – Livre
14h – Tieta do Agreste (1996), de Cacá Diegues - 14 anos
17h – Natal da Portela (1988), de Paulo Cesar Saraceni - 14 anos
19h – Para Viver um Grande Amor (1984), de Miguel Faria Jr. – 16 anos
Quinta, 8
12h50h - Zezé Motta – La Femme Enchantée (1987), de Ariel de Bigault – Livre
14h – Orfeu (1999), de Cacá Diegues - 14 anos
16h15 – Quilombo (1984), de Cacá Diegues – 12 anos
18h30 – Águia na Cabeça (1984), de Paulo Thiago - 16 anos
Sexta, 9
12h50 - Zezé Motta – La Femme Enchantée (1987), de Ariel de Bigault – Livre
14h – Quilombo (1984), de Cacá Diegues – 12 anos
16h15 – Carolina (2003), de Jefferson De + Orfeu (1999), de Cacá Diegues - 14 anos
19h – Palestra: A Mulher Negra no Cinema Nacional, com Carla Francine e Juliana Lima (entrada grátis)
Sábado, 10
12h50 - Zezé Motta – La Femme Enchantée (1987), de Ariel de Bigault – Livre
14h – Bom Dia, Eternidade (2010), de Rogério de Moura - 14 anos
16h – Xuxa e os Duendes II (2002), de Paulo Sérgio de Almeida e Rogério Gomes – Livre
18h – Anjos da Noite (1988), de Wilson Barros – 14 anos
Domingo, 11
12h - A Ilha dos Escravos (2008), de Francisco Manso - 14 anos
13h – Carolina (2003), de Jefferson De + Quanto Vale ou é por Quilo?, de Sergio Biacchi – 14 anos
16h30 – A Força de Xangô (1977), de Iberê Cavalcanti – 14 anos
18:30h – Tudo Bem (1978), de Arnaldo Jabor – 18 anos
Terça, 13
12h50 - Zezé Motta – La Femme Enchantée (1987), de Ariel de Bigault – Livre
14h - Bom Dia, Eternidade (2010), de Rogério de Moura - 14 anos
16h - Xica da Silva (1976), de Cacá Digues - 14 anos
19h – Debate: Zezé Motta e Cacá Diegues, com mediação de Iléa Ferraz (entrada grátis)
Quarta, 14
12h50 - Zezé Motta – La Femme Enchantée (1987), de Ariel de Bigault – Livre
14h – O Testamento do Senhor Nepomuceno (1997), de Francisco Manso – 14 anos
16h30 - Para Viver um Grande Amor (1984), de Miguel Faria Jr. – 16 anos
19h – A Força de Xangô (1977), de Ibere Cavalcanti – 14 anos
Quinta, 15
12h50 - Zezé Motta – La Femme Enchantée (1987), de Ariel de Bigault – Livre
14h – Deserto Feliz (2007), de Paulo Caldas – 18 anos
16h30 – Natal da Portela (1988), de Paulo Cesar Saraceni - 14 anos
19h - Bom Dia, Eternidade (2010), de Rogério de Moura - 14 anos
Sexta-feira, 16
12h50 - Zezé Motta – La Femme Enchantée (1987), de Ariel de Bigault – Livre
14h - Carolina (2003), de Jefferson De + Anjos da Noite (1988), de Wilson Barros – 14anos
16h30 – Tudo Bem (1978), de Arnaldo Jabor – 18 anos
19h - Vai Trabalhar Vagabundo (1973), de Hugo Carvana – 12 anos
Sábado, 17
12h - A Ilha Dos Escravos (2008), de Francisco Manso - 14 anos
14h - Zezé Motta – La Femme Enchantée (1987), de Ariel de Bigault – Livre
15h30 - Xuxa e os Duendes II (2002), de Paulo Sérgio de Almeida e Rogério Gomes – Livre
17h30 - Cordão De Ouro (1977), de Antonio Carlos da Fontoura – 14 anos
19h15 - Xica da Silva (1976), de Cacá Diegues - 14 anos
Serviço:
Local: Caixa Cultural Recife
Endereço: Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife
Ingressos: R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia - para estudantes, professores, funcionários e clientes CAIXA e pessoas acima de 60 anos)
Informações: 3425-1915

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