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Filme 'O Retorno do Herói' traz comédia baseada na farsa e no exagero

A obra de Laurent Tirard é exibida na programação do Festival Varilux de Cinema Francês

JC Online
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Publicado em 12/06/2018 às 9:30
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A obra de Laurent Tirard é exibida na programação do Festival Varilux de Cinema Francês - FOTO: Divulgação
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Não são poucas as narrativas, não importa a mídia, que sustentam seu humor – e o seu apelo romântico – na colisão entre duas personalidades que se detestam, ainda que sejam mais parecidas do que imaginem. Afinal, as confusões são, de certa forma, as raízes da comédia e do amor. O novo filme do diretor francês Laurent Tirard (O Pequeno Nicolau), O Retorno do Herói, que está em cartaz no Festival Varilux de Cinema Francês, é um divertido mergulho no lado mais farsesco da comédia.

O começo do filme é veloz, quase como uma sequência de eventos sem muito espaço para contexto e sutileza. No começo do século 19, o capitão Neuville (Jean Dujardin) aparece na casa da família Beaugrand e pede a filha deles, Pauline (Noémie Merlant), em casamento. Apesar da desconfiança da irmã, Elisabeth (Mélanie Laurent), o pedido logo recebe um sim dos pais e a irmã. Imediatamente, a cena tem uma interrupção: um enviado chega para avisar ao capitão da convocação para a guerra contra a Áustria. Tudo isso nos quatro minutos iniciais.

Neuville promete manter contato com a noiva, mas o tempo se passa e nenhuma carta chega. Preocupada com a depressão da irmã, que não sai da cama e não come, Elisabeth começa ela mesma a criar a correspondência. Enquanto Pauline se reabilita ao ler as histórias heroicas forjadas, a “ghost writer” do capitão vai notando que a existência do noivo vai impedindo a irmã de continuar com a sua vida. Decide, então, matá-lo, não sem criar um fim digno para ele. Assim, Pauline segue em frente, casando-se com outro homem e tendo dois filhos.

O problema é que, como o título do filme sugere, Beaugrand retorna. Sua história oculta, no entanto, não é a de um herói, mas a de um desertor. É a partir dessa volta indesejada por Elisabeth que o filme ganha sua tensão cômica entre ela e Beaugrand, que tenta enganar a todos para conseguir dinheiro e uma vida honrada.

TEATRAL

Em muitos momentos, O Retorno do Herói parece trazer o roteiro de uma peça adaptada para as telonas – seu humor acontece quase sempre no exagero, nunca na sutileza. O capitão Neuville é o arquétipo do cafajeste vaidoso, capaz de reinventar uma história criada por Elisabeth porque, mesmo salvando duas crianças do afogamento, uma outra morre. Se é para inventar, o heroísmo precisa ser absoluto (e caricato, claro). Neuville é um retrato de todas as bravatas masculinas absurdas, e filme ilustra também a sede de todos por mitologias.

O filme de Tirard é uma comédia simples, capaz de divertir os que se dispuserem a aceitar a sua simplicidade. O núcleo principal, com os bons Jean Dujardin e Mélanie Laurent, é o que mantém a trama em pé na maioria do tempo. A química entre eles gera os melhores momentos de O Retorno do Herói.

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