Dez anos depois de “agradecer à música” nos créditos finais de Mamma Mia! – O Filme (2008), Amanda Seyfried volta a interpretar Sophie na sequência do longa musical baseada nas canções do conjunto sueco ABBA. E é esta personagem que surge novamente cantando a capella Thank You For The Music nos primeiros minutos de Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo, que estreia nesta quinta-feira (2) nos cinemas brasileiros.
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Às voltas com a reinauguração do Hotel Bella Donna, na fictícia ilha grega Kalokairi, a filha de Donna (Meryl Streep) tenta lidar com a pressão de estar à frente do negócio ao lado de seu “pai” Sam (Pierce Brosnan), sofrendo com a distância de seu amado Sky (Dominic Cooper) e a ausência dos outros “pais” Harry (Colin Firth) e Bill (Stellan Skarsgård).
Com direção de Ol Parker, a sequência convida o público a fazer uma viagem no passado, sempre fazendo ponte com o presente que move o filme. Em 1979, com um elenco jovem, conhecemos a história de Donna (Lily James) a partir do momento em que seus três amores surgiram até o nascimento de Sophie. Nessa época, também vemos a linda relação de amizade entre a protagonista e as amigas Tanya (Jessica Keenan Wynn) e Rosie (Alexa Davies). Logo de cara, somos brindados com a explosiva performance do trio Donna e as Dínamos cantando When I Kissed The Teacher na formatura da jovem Sheridan.
A edição do filme brinca bastante com esses lapsos de tempo, oferecendo interessantes transições de cena entre passado e presente a partir de vários elementos: pelo céu, um porta-retrato, espelho, parede e até planos completos de cena, principalmente nos musicais de One of Us e I Have a Dream.
No elenco jovem, Lily James está bem à vontade como a jovem Donna, fazendo uma ótima composição de personagem. A sintonia das jovens amigas em manter as características dos papéis já marcados pelas divertidas Christine Baranski e Julie Walters também são acertos da sequência.
Gravado em externas e em estúdio, a sequência de Mamma Mia repete, porém, um pecado estético do primeiro filme: a artificialidade de algumas cenas em que o chroma-key torna-se perceptível. No número musical de Fernando e a sequência do batizado de Donny – filho de Sophie e Sky – a presença do recurso gráfico torna-se um pouco gritante.
Falando em Fernando, não comentar a notável presença de Cher como a avó de Sophie, Ruby Sheridan, é quase um disparate. Embora apareça nos momentos finais do filme (até pelo perfil da personagem), a cantora consegue deixar sua marca, ganhando até uma piada interna do roteiro quando sua neta diz que ela “não era vista fora de Las Vegas há décadas”, referindo-se ao local onde a artista fez uma longa temporada de shows na vida real.
Além de outras músicas do ABBA exploradas pela primeira vez – como as ótimas Angel Eyes, Andante, Andante e Knowing Me, Knowing You – o longa tem suas justas reprises que remetem ao primeiro filme: Waterloo (que ganha uma cena “napoleônica”), Mamma Mia, e as marcantes Dancing Queen e Super Trouper são algumas que voltam em novas e divertidas performances.
DIVERSÃO E EMOÇÃO
Apesar de ser um filme colorido e vibrante – quase um eterno clima de festa – quem for fã da história dificilmente vai segurar a emoção nas sequências de I’ll Be Waiting For You e, principalmente, a arrebatadora My Love, My Life. O consolo é que, logo após cada uma, temos uma sequência animada para driblar (e disfarçar) as lágrimas.
Para quem quer brincar de easter eggs, vale a pena prestar atenção nas pontas que integrantes originais do ABBA – Björn Ulvaeus e Benny Andersson, que também assinam a produção musical e executiva – fazem cada um em um número do longa.
E o que dizer sobre a personagem de Meryl Streep nesta sequência? Deixemos no ar para que você confira e dê o julgamento. Mas prestem atenção no divertido “cara da alfândega”. Será por causa dele que valerá a pena ficar e ver uma rápida cena pós-créditos.
A sensação que deixa ao final é que Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo segue tão cativante quanto o primeiro filme lançado há dez anos. Com algumas surpresas no roteiro, o longa traz a alegria de nos jogarmos novamente na trilha sonora de nossas vidas, seja com ABBA ou não.
