ANIMAÇÃO

'Como Treinar o Seu Dragão 3' traz um fim maduro para a saga

Com cenas e cenários deslumbrantes, o filme mostra personagens como Soluça e Banguela com dilemas mais complexos

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 16/01/2019 às 14:25
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Com cenas e cenários deslumbrantes, o filme mostra personagens como Soluça e Banguela com dilemas mais complexos - FOTO: Divulgação
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De certa forma, o final de toda saga que cativa seus fãs pode ser também uma forma de aprender a se despedir. Dizer adeus, ainda que provisoriamente, a uma narrativa repleta de afeto não é simples, mas é necessário: é também parte do processo de amadurecimento, de entender que amizades, lugares e também universos ficcionais terminam sem terminar e continuam importantes (podendo ser revisitados) mesmo depois de um ponto final. Em seu capítulo final, a trilogia Como Treinar o Seu Dragão entende bem esse tom delicado, com uma trama madura, paisagens deslumbrantes e um fim à altura da saga.

No cinema, a animação baseada no universo criado escritora Cressida Cowell teve início há nove anos. Como Treinar o Seu Dragão 3 fecha o ciclo trazendo de volta, é claro, o jovem Soluço, já chefe da sua tribo, acompanhado do seu dragão, Banguela, também já o líder entre os seus, além dos seus amigos Astrid, Cabeça Dura, Cabeça Quente, Melequento e Perna de Peixe, entre outros.

O filme é novamente dirigido por Dean DeBlois, dos filmes anteriores da franquia e de Lilo & Stitch. Como se acompanhando o envelhecimento do seu público, a animação traz mais nuances e, sem abandonar o tom infantil, apresenta tensões mais complexas. Agora, Soluço tem como missão agora libertar os dragões que são capturados por outros vikings caçadores. Berk, sua tribo, se tornou basicamente a utopia que ele desejava, em que dragões e humanos vivem em harmonia – uma harmonia estabanada, claro, para fins humorísticos. No entanto, um novo perigo aparece: o caçador Grimmel, que acreditava ter matado todos os dragões da espécie Fúria da Noite e que agora quer se livrar do último deles, Banguela.

As fórmulas de uma boa aventura estão todas bem encaixadas. Com os personagens já bem desenvolvidos, a trama parte para seus novos conflitos: como lidar como a responsabilidade diante dos outros, como aprender a seguir com a sua vida e deixar os outros seguirem. A grande surpresa do filme é aparição de um novo dragão, uma fêmea da espécie Noite de Luz, que rapidamente encanta Banguela. Soluço, envolto ele mesmo na possibilidade de se casar com sua namorada Astrid, tenta ajudar o amigo (as cenas mais engraçadas estão nesse processo) enquanto percebe que precisa de uma solução definitiva para evitar que os dragões sejam sempre caçados.

MUNDO ESCONDIDO

É assim que Soluço vai atrás do Mundo Escondido, um lugar de que seu pai falava em lendas (ainda que as histórias também falem que a terra é plana, em uma das ironias que o filme solta) em que os dragões viveriam em paz. Afinal, se a sua tribo consegue conviver em paz com os animais, o mundo lá fora vai sempre representar uma ameaça.

Através da busca por outros lugares – tanto para os dragões como para os humanos – Dean DeBlois realça uma das grande características da saga: a direção de arte deslumbrante, que traz paisagens e batalhas encantadoras. É como se Como Treinar o Seu Dragão 3, dentro da sua estética, utilizasse ao máximo a capacidade de criar cenários impressionantes, no limite do que o universo construído até então permite. O Mundo Escondido, por sinal, é um grande deleite estético.

O antagonismo com o vilão talvez seja o ponto mais corriqueiro do filme, como se Grimmel fosse um elemento de oposição que está lá porque é preciso estar. As batalhas com ele, no entanto, ajudam a tornar mais sutil o principal conflito de Soluço, que é o de amadurecer e entender o ciclo de tudo.

Assim, Como Treinar o Seu Dragão 3 termina a série em grande estilo, com os toques sentimentais certos, que podem emocionar quem cresceu com os filmes – a capacidade de evocar a nostalgia sem forçar demais é também uma qualidade. É, portanto, um final mais do que digno, com todo o capricho visual que marcou a trilogia.

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