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Kéfera enfrenta o bullying no filme 'Eu Sou Mais Eu'

Atriz e youtuber explora em longa, que estreia nesta quinta-feira (24), o massacre que pode ser a convivência com os abusos na escola

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 24/01/2019 às 5:00
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Atriz e youtuber explora em longa, que estreia nesta quinta-feira (24), o massacre que pode ser a convivência com os abusos na escola - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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O quanto “você é mais você”? A pergunta que mais parece título de um livro de auto-ajuda pode ser uma boa premissa para tentar entender o universo do novo filme nacional infantojuvenil Eu Sou Mais Eu, que estreia nesta quinta-feira (24) em 500 salas do País. Protagonizado pela atriz e youtuber Kéfera Buchmann, a sua personagem – a popstar Camila Mendes – faz uma forçada viagem no tempo e revive os apuros da época de escola, quando era vítima constante de bullying da malvada Drica (Giovanna Lancellotti) e seu grupinho, e tinha uma vida completamente oposta ao glamour (e a solidão) que conquistou nos dias atuais.

Para promover o filme, a atriz junto com João Côrtes, que dá vida ao Cabeça – o único amigo de Camila nos tempos de escola – fizeram várias pré-estreias Brasil afora. Nessa longa maratona, os artistas desembarcaram no Recife na última terça-feira e receberam a equipe do Jornal do Commercio num hotel em Boa Viagem para conversar sobre o longa dirigido por Pedro Amorim.

Bastante animados com a proximidade da estreia, começamos perguntando aos atores como foi o ensino médio deles. “Uma tragédia, né? Uma tragédia!”, brincou Kéfera segundos depois da pergunta. João Côrtes, então, deu mais alguns detalhes da época.

“Na verdade, meu ensino médio não foi tão ruim. Eu já tinha mais amigos, me enturmei mais, achei o meu lugar nas artes. Foi um pouquinho antes que eu comecei a fazer teatro, e passei a andar com as pessoas que faziam teatro também e fazia teatro na escola. Meu problema foi na (antiga) quinta série, sexta série, no Fundamental II, dos 12 aos 15 anos. Foi difícil a parte da adaptação, de não ter muitos amigos, de não saber muito o que fazer com essa parte chamada corpo”, relembra.

Já Kéfera concordou com o raciocínio do colega de cena. “Para mim também, a época mais difícil foi no meu ensino fundamental. No ensino médio, primeiro e segundo ano, foi ruim, mas foi bem mais ‘ok’ do que o bullying pesado de antes. No terceiro ano, eu fui para o cursinho. Então a galera estava muito focada em estudar para o vestibular, e foi o ano em que abri o canal (no YouTube). Mesmo assim, ainda fui zoada por abrir um canal, porque tudo era motivo de zoar”, relata.

No longa, o filme começa mostrando que Camila Mendes atualmente é a arrogância em pessoa. Antipática, ainda que seja a “maior cantora pop do País” – com direito a chamar Anitta de ‘Nitinha’ – consegue encontrar Drica (Lancellotti) em um restaurante e o tempo de escola parece voltar quando ouve a rival chamar a cantora de “bizarra”. Num mundo onde as aparências hoje em dia contam muito, Camila não pensa duas vezes e avança em cima da pessoa que a maltratou, numa cena de briga e palavrões, que claro, repercute mal nas redes sociais.

Na conversa com o JC, Kéfera defendeu a amargura da personagem: “Esse filme mostra a importância de não fazer o bullying e de como isso pode resvalar na personalidade das pessoas no futuro. Para mim, a Camila do começo não é personagem ruim ou malvada, mas vejo ela muito machucada. Por ela ter sido muito machucada, ela tem esse lugar de querer se autoafirmar agora, que deu certo na carreira e é bem sucedida. Mas o convívio social dela é muito ruim, a relação dela com as pessoas faz com que ela se torne solitária e sem a família próxima dela, o que não era assim na época da adolescência”.

Ao voltar para o passado graças a uma “fã misteriosa”, mas com a consciência de seu presente, ela tenta convencer o nerd Cabeça de que veio do futuro, ao mesmo tempo que precisa de ajuda para voltar, se “ela for mais ela”. “O Cabeça é resultado de amigos meus que tenho e que tive. [...] Ele é muito fiel ao que acredita e muito fiel à Camila. Ele não tem segundas intenções, diferente de todo mundo em volta dela”, explica João. Ao reviver os traumas dos tempos de colégio, Camila tenta consertar algumas coisas que deram errado, e principalmente, enfrentar as pessoas que tanto a machucaram.

Para quem pensa que rola um clima no filme entre Camila e Cabeça, Kéfera faz questão de não alimentar essa expectativa. “Algumas pessoas às vezes pensam isso. Mas estamos fazendo um filme em que não se precisa estereotipar um casal. Não estamos falando sobre não ter que terminar com alguém, e sim se resolver com você mesmo. Essa é a principal mensagem”, observa ela.

ANÁLISE

Com um elenco jovem que imprime bem como adolescentes do ensino médio, o roteiro não romantiza a época e o texto é levemente verborrágico. Na família de Camila, a atuação de Arthur Kohl como o avô da cantora diverte e emociona ao mesmo tempo, sendo um dos pontos altos do filme.

Ao voltar para o ano de 2004 – ou seja, uma realidade não muito distante – o longa mata saudades do celular com “jogo da cobrinha”, da locadora, da máquina fotográfica analógica e até a "falecida" rede social Orkut. Na trilha sonora, momentos cruciais são marcados por Ragatanga, do Rouge, e Máscara, de Pitty.

No fim de tudo, Eu Sou Mais Eu surge com conteúdo um pouco mais relevante se comparado ao anterior É Fada, protagonizado por Kéfera em 2016. Afinal, bullying é coisa séria. E ainda que este seja um roteiro lúdico, este filme surge como um bom pretexto para (começar a) refletir um pouco sobre o assunto.

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