Jack, do diretor alemão Edward Berger, apresentado nesta sexta-feira (07/02) na competição pelo Urso de Ouro do Festival de Berlim, explora, através de um menino de 10 anos e seu irmão mais novo, o despreparo de muitos jovens alemães para formar e criar uma família.
Os horários de trabalho confusos de Sanna (Luise Heyer), a mãe, fazem com que ela não tenha muito tempo para seus filhos, que são obrigados a cuidar um do outro. Eles acabam se perdendo da mãe e são obrigados a sobreviver sozinhos pelas ruas de Berlim.
Segundo Berger, ele quis mostrar a maturidade do pequeno Jack em relação à atitude descuidada de sua mãe.
"Não queríamos cair no clichê de uma mãe que se droga e abandona os filhos. Ela é normal, tem profissão, vive em um bairro normal, não em um bairro pobre... O que quisemos mostrar é sua incompetência social, sua incapacidade de chefiar uma família", explicou Berger.
Perguntado por um jornalista se havia lido um livro muito polêmico no país - A Alemanha maltrata suas crianças? -, o diretor afirmou que esse é um tema muito presente na atualidade alemã.
"Queríamos mostrar a incompetência social dessa jovem mãe, algo que é muito comum. Existem muitas crianças abandonadas. É parte da realidade. Isso pode ocorrer em qualquer cidade", explicou.
A roteirista do filme, Nelle Mueller-Stofen, destacou ainda que, "apesar de amar os filhos, a mãe é muito jovem, e não assume suas responsabilidades. Não queríamos estigmatizar a mãe", concluiu.