Paola Carosella fala de machismo e polêmicas no MasterChef em Recife

Cozinheira promoveu uma tarde de abraços nesta quarta-feira (30), na Saraiva do RioMar Shopping, para promover seu primeiro livro

Foto: Robson Gomes/Especial para o JC Imagem
Cozinheira promoveu uma tarde de abraços nesta quarta-feira (30), na Saraiva do RioMar Shopping, para promover seu primeiro livro - FOTO: Foto: Robson Gomes/Especial para o JC Imagem

"Obrigada Recife. Pelo carinho, pelos elogios, pelo respeito, inspiração, pelas palavras carinhosas pelo tempo em pé na fila. Obrigada a todas e todos com todo o meu coração. Um cheiro", foi assim que a cozinheira (como gosta de chamada) Paola Carosella se despediu da capital pernambucana ontem à noite em um post no Instagram após sua noite de autógrafos, que ela chama carinhosamente de Tarde de Abraços, na Livraria Saraiva do RioMar Shopping, onde a personalidade e também jurada do programa MasterChef, da Band, foi recebida com gritos, aplausos e flashes em sua chegada, como uma verdadeira popstar, para autografar os muitos exemplares de seu livro: o Todas as Sextas (Melhoramentos, 2015).

E antes de ter contato com os fãs apaixonados, Paola recebeu a imprensa local para uma pequena coletiva numa sala reservada do mall. Antes de começar, pediu desculpas por estar com uma "dor de cabeça" que a tirava de seu bom humor habitual, mas nem assim ela perdeu a simpatia e a espontaneidade. Ao falar do livro, a argentina revelou que já recebia várias propostas de escrever algo muito antes de sua grande exposição no reality culinário da Band. Mas ela garante que teve muito cuidado, porque não queria escrever mais um livro de receitas: "Eu conto a história de uma cozinheira. Porque o meu estilo de cozinha não é revolucionário, que ninguém tem. Eu faço cozinha clássica, com receitas que podem ser achadas em outros lugares", diz Paola, que se destaca nesta obra por contar grande parte de sua vida pessoal e profissional entremeado nas receitas.

Fazendo questão de dizer que não era escritora, a chef falou das dificuldades em escrever o livro, que demorou três anos para ficar pronto. "Algumas descrições eram mais difíceis que outras. Para mim era mais fácil transmitir um sentimento meu do que uma cenografia, contar para o meu leitor como era o espaço onde eu tava", relembrou. Ela ainda aproveitou para destacar porque gosta mais de ser chamada de cozinheira do que de chef: "Porque eu sou cozinheira, primeiro. Chef de cozinha é um cargo que você exerce quando você lidera uma cozinha. Não é que chef seja melhor que cozinheira. Qualquer chef de cozinha precisa ser cozinheiro. Eu faço questão de marcar isso, porque parecia que ser chef é melhor do que ser cozinheira. Por outro lado, tem uma coisa meio de proteção da minha parte de avisar antes: 'olha, não espere de mim comidas de chef. Não abra o livro e espere coisas esdrúxulas'. Vou falar de coisas simples, porque isso é o que eu faço", justificou.

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Paola durante a entrevista coletiva no RioMar Shopping. Foto: Robson Gomes/Especial para o JC

MACHISMO E MASTERCHEF

A simpatia de Paola Carosella fez com que a argentina não fugisse de polêmicas, respondendo à questões mais espinhosas, como o machismo na cozinha. Citando exemplos vividos no próprio reality da Band, ela refletiu: "Eu acho que o mundo que a gente vive é machista, mas não podemos generalizar. Eu tive uma educação e uma proteção que fez com que eu nunca sentisse questões de gênero, por dois motivos. Primeiro: Quando eu entrei na cozinha, há 25 anos atrás, não falávamos disso. Provavelmente existia, mas era silencioso, não se falava nisso. Segundo: Eu tenho certeza absoluta de que a minha mãe me poupou de não colocar dentro da minha cabeça: 'filha, você é mulher, toma cuidado, vai acontecer isso, não olhe pros homens desse jeito...' Então eu entrei no mundo masculino - como é a cozinha profissional - sem preconceito. Eu não tinha preconceito de ser mulher. Se as outras pessoas tiveram comigo, eu entendi durante a minha carreira que era apenas parte de eu estar treinando para conquistar um espaço. Nunca senti que nada do que foi feito comigo era porque eu era mulher, eu sempre senti que era porque eu era aprendiz", respondeu. 

E Paola arrematou: "A cozinha é um ambiente de homens, mas não é necessariamente porque seja machista a mais do que uma farmácia, uma redação de jornal ou do que um shopping. É porque é um trabalho fisicamente duro, porque o trabalho tem um horário ingrato. Só que existem milhares de possibilidades para a mulher dentro da cozinha profissional, que não necessariamente são os horários cruéis de um restaurante, o regime meio militar que um restaurante tem, a força física, o calor. Tem um parágrafo inteiro no meu livro que conta sobre isso, sobre eu andando com a pele toda engordurada e brilhante de gordura, com as mãos queimadas e os dedos cortados, com sapatos pesados pra não escorregar, e eu achava tudo isso muito legal. Se tem uma mulher que acha tudo isso muito legal, vai ser bem sucedida na cozinha. É um espaço tão machista quanto o outro. Nem mais, nem menos", concluiu.

A argentina ainda comentou as críticas que o pernambucano João fez ao MasterChef quando foi eliminado na versão Profissionais, que está na reta final na Band, por ele ter afirmado que o programa não era de culinária, e sim de entretenimento. "O MasterChef é um programa de entretenimento porque está na TV, ou ele achava que era outra coisa? É um reality show, que tem uma estrutura baseada na verdade do que tá acontecendo, quem cozinha melhor nesse dia. Não se julgam caráteres, senão ele teria saído no primeiro capítulo. Porque não estamos julgando nem arrogância, nem delicadeza, nem beleza, nem tamanho da cintura, nem cor da pele. E sempre teve um alguém que foi tomado como o assunto do momento. É um programa de entretenimento na TV cujo fio condutor são pessoas cozinhando. Quem cozinha melhor nesse dia, ganha a prova. Se tem a sorte de ganhar todas as provas, chega na final. Se ganha uma final, ganha o programa. Não quer dizer que seja o único espaço para um cozinheiro cozinhar no Brasil ou o um único caminho para ser reconhecido como um grande cozinheiro. É um caminho. Se ele tivesse ganhado, será que ele falaria a mesma coisa? Não sei, tenho dúvidas sobre isso", disse ela, arrancando risos dos jornalistas.

Ao final da coletiva, Paola se mostrou ansiosa para conhecer o público recifense, pois era a primeira vez que ela estava na capital pernambucana, embora já tenha visitado outros lugares do Estado. E ao ser questionada que prato da terra ela mais gosta, ela tentou ser política e imparcial, mas entregou de forma bem humorada: "Sei que as tapiocas são incríveis. Eu sou fã de tapioca e eu comi três hoje", encerrou a cozinheira argentina.

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