Daniel de Oliveira sobre ditadura: ''cuidado para que não se repita''

Com um currículo recheado de personagens envolvidos com o período ditatorial brasileiro, o ator acredita que é preciso ser vigilante para que o passado não volte

Foto: TV Globo/Divulgação
Com um currículo recheado de personagens envolvidos com o período ditatorial brasileiro, o ator acredita que é preciso ser vigilante para que o passado não volte - FOTO: Foto: TV Globo/Divulgação

Daniel de Oliveira acredita que é importante olhar para o período da ditadura no Brasil. O ator pensa que, assim, as pessoas entenderão que uma época tão sombria não deve voltar. Mas esse discurso é bem diferente do que defende o seu personagem, Vitor, de Os Dias Eram Assim, trama das 23h da Globo. Em busca de poder, ele se casa com Alice (Sophie Charlotte) e será capaz de atos terríveis para mantê-la distante de Renato (Renato Góes).

"Vitor é um cara de direita. Para ele está tudo certo, porque ele só pensa em se casar, ter filhos e ter uma vida totalmente programada. A partir do momento que a Alice conheceu o Renato, ele se tornou realmente um vilão", afirma Daniel de Oliveira.

Esta não é a primeira vez que o ator interpreta um personagem que tem a ver com a época da ditadura: em Zuzu Angel (2006), ele atuou como Stuart Angel Jones, que foi torturado e morto. Em Batismo de Sangue (2007), foi Frei Betto, que também atuou na resistência à ditadura. Em Os Dias Eram Assim, o ator vive pela primeira vez um personagem que é a favor do regime militar

"Fiz personagens do outro lado da moeda, como o Stuart, em Zuzu Angel, e o Frei Betto, que foi revolucionário da nossa história Agora sou corporativo, estou ali de terno e gravata, concordando com a ditadura. Temos que olhar para esse período e tomar cuidado para que ele não se repita, porque a história é cíclica. Temos que ver que já vivemos isso para evoluir. A democracia realmente é o melhor sistema", acredita.

Além da sua familiarização com o assunto, alguns outros fatores levaram Daniel a aceitar o convite para a trama de Angela Chaves e Alessandra Poggi. O primeiro é o fato de ser um vilão. Segundo Daniel, o personagem permite que ele coloque para fora sentimentos ruins.

"Esse lance de ser do lado negro da força chama muita atenção, porque você fala o que no dia a dia não tem coragem de dizer. Na trama digo uns impropérios, tenho essa liberdade. Então, é muito engraçado ter esses sentimentos que não uso na minha rotina, pois sou um cara muito positivo", conta.

Mais do que ser o vilão, Daniel diz que o folhetim permitiu que ele reencontrasse pessoas com as quais queria voltar a trabalhar Ele ressalta o reencontro com o diretor Carlos Araújo e com o diretor de fotografia Walter Carvalho. Além disso, conta que tem se divertido sendo filho de Susana Vieira, que interpreta Cora. E, como se todos estes motivos não bastassem, ainda divide cenas com sua esposa, Sophie Charlotte, que conheceu nas gravações do remake de 'O Rebu' (2014).

"Fiz 'Um Só Coração' (2004) com o Carlinhos Araújo. Ele é um cara que gosto muito e queria trabalhar de novo com ele. Agora a Susana Vieira é minha mãe. O Walter Carvalho também é um mestre e é sempre interessante estar com ele. Eu e Sophie trabalhando no mesmo projeto. Aí dá pra tirar férias juntos. Olha que maravilha!", diz, aos risos.

CANTORIA

Na abertura de 'Os Dias Eram Assim' Daniel canta ao lado de Sophie Charlotte, Renato Góes, Gabriel Leone e Maria Casadevall a música 'Aos Nossos Filhos', de Ivan Lins. Mas essa não será a única oportunidade de ouvir o ator cantando. Afinal, ele está preparando um disco, intitulado 'Cine Música Particular', para lançar ainda neste ano. O projeto começou a ganhar forma durante a gravação de filmes nos últimos anos e conta com a produção de Eduardo Bidlovski, mais conhecido como BiD.

"O BiD era da banda Tokyo, do Supla. É um cara extremamente importante na música e ele faz trilha sonora para cinema também. Fiz um filme que se chama 'Boca' (2010), com o Flávio Frederico, que ele estava fazendo a trilha sonora. Há uns sete anos, falei com ele para produzir um disco meu. Mas os anos se passaram e fui direcionando a minha carreira a outros projetos", revela.

Daniel conta que a foto da capa do álbum já está pronta e que o disco terá Sophie Charlotte cantando em uma das faixas. Outra participação importante é de Milton Nascimento na canção 'Moça Onça'. Está nos planos do ator um show de estreia em Manaus, no Amazonas, pois parte do projeto nasceu durante a filmagem de 'A Festa da Menina Morta' (2008), numa improvisação com Matheus Nachtergaele.

"Não sou cantor, mas quero explorar esse lado. Meu álbum se chama 'Cine Música Particular' justamente porque tem cinema e música. Durante as filmagens, eu pegava o violão e escrevia uma letra", conclui.

Últimas notícias