Escritor Paulo Caldas inicia nova turma de oficina literária

"Não tem aquele modelo tradicional de professor e aluno, pois prefiro o esquema de compartilhar conhecimento", explica ele

Divulgação
"Não tem aquele modelo tradicional de professor e aluno, pois prefiro o esquema de compartilhar conhecimento", explica ele - FOTO: Divulgação

Como calcular o tempo de atuação de um escritor? Geralmente é levada em conta a data de lançamento de seu primeiro livro, mas alguns consideram como marco inicial a primeira escrita ou publicação avulsa - em jornais ou coletâneas. Para Paulo Caldas, autor e professor pernambucano, a celebração de uma data redonda vai além de um contagem de anos: ele considera a escrita como uma atividade política, e foi assim que comemorou, ainda no final de 2017, seus 35 anos de “militância literária.”

Aos 70 anos recém-completados, ele inicia ainda este mês uma nova turma de oficina. "Não tem aquele modelo tradicional de professor e aluno, pois prefiro o esquema de compartilhar conhecimento", explica Paulo, que ministra essas aulas desde 2011. "Sou herdeiro de Raimundo Carrero, participei de seus encontros por 10 anos e ele despertou em mim esse interesse". Além de escritor, ele foi economista e jornalista, funções exercidas na Celpe, local também onde se aposentou. O rumo profissional e criativo que sua vida tomou nas últimas três décadas foi muito diferente daquele imaginado por Paulo quando ele era adolescente.

Sua primeira história infantil foi publicada pela editora Pirata, também lançou suas crônicas no volume Anatomia do Baixa Renda, textos que "mostravam o cotidiano vivenciado pelo homem suburbano." Paulo acrescenta que, três anos mais tarde, com o fim da Pirata, surgiu a Edições Bagaço, vinda de Palmares para se estabelecer no Recife. "A convite de Arnaldo Afonso, líder do grupo, passei também a editar livros, agora com o propósito de revelar talentos e resgatar talentos maduros, que não tinham como publicar suas obras". Mais recentemente, ele foi finalista dos prêmios Vânia Carvalho, em 2012, com o romance Em Porto dos Amantes, e do Edmir Domingues, em 2016, na categoria Poesia, com Círculo Amoroso.

Ainda jovem, ele imaginava que seria jogador de futebol, mas após o ensino médio acabou indo estudar Economia na UFPE para, anos depois, se dedicar ao Jornalismo na Unicap. "Comecei redigindo textos de diretórios acadêmicos, jornais de bairro", lembra o autor de mais de 15 títulos dos segmentos infanto-juvenil e adulto. Atualmente o tempo de Paulo é mais dedicado às oficinas, por onde já passaram alguns nomes conhecidos da cena literária pernambucana, como André Balaio, Roberto Beltrão e Camila Inojosa.

Coluna

Apesar de não ter lançado nenhum livro no último ano, Paulo Caldas acompanha de perto o cenário contemporâneo e tem uma coluna na revista Algo Mais. "Estou percebendo atualmente um cenário novo, muito participativo", pontua. Os clássicos também têm um lugar especial em sua estante. "Sou um flaubertiano e a maioria dos trabalhos teóricos que levo à oficina são extraídos das obras de Gustave Flaubert, um mestre inigualável na arte de esconder o óbvio e fazer o leitor descobrir tramas e enredo", finaliza.

Últimas notícias