polêmica

Monteiro Lobato é colocado em xeque

Simpatia do escritor pelo conceito de eugenia, ou pureza racial, está maculando sua obra

Alvaro Filho
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Alvaro Filho
Publicado em 21/05/2011 às 6:00
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Em tempos de celebridades e personalidades navegando pelas redes sociais no politicamente incorreto – ou no recente caso do diretor dinamarquês, Lars Von Trier, durante uma entrevista coletiva – o escritor paulista Monteiro Lobato se meteu numa polêmica e tanto, seis décadas após a morte dele, via um meio de comunicação pra lá de analógico: a carta. Curiosamente, no mesmo mês do lançamento do livro Cartas de Amor (editora Globo), com a correspondência íntima entre ele e a noiva, Purezinha, a revista Bravo! (publicada pela Abril) estampou na capa uma aspas do autor do Sítio do Pica-Pau Amarelo que atesta a simpatia dele por outro tipo de “pureza”, a racial. Mais do que uma briga editorial, a batalha que se trava a partir de então é sobre se o pensamento reprovável de Lobato pode macular a obra admirável de Lobato.
O texto publicado na Bravo! vem do conjunto com cerca de 20 cartas até então inéditas e retrata o diálogo de Monteiro Lobato com o escritor Godofredo Rangel, e os cientistas Renato Kehl e Arthur Neiva. Com esses dois últimos, segundo deixa claro a publicação, Lobato dividia a simpatia pelo conceito de eugenia – exaltação esdrúxula sobre superioridade e pureza racial – no caso, a “raça” branca.
Esta não é a primeira vez que o criador da boneca Emília se envolve numa polêmica sobre racismo. Em 2010, o livro As caçadas de Pedrinho foi classificado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) como uma publicação de cunho racista, ao conter, entre outros trechos destacados pelo CNE, um que narra a escalada da personagem negra Tia Nastácia numa vara “que nem uma macaca de carvão”. Por pouco não foi proibido nas escolas. Leia matéria completa no Caderno C

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