Uma das mais aguardadas mesas desta sexta (16) - segundo dia da Festa Literária Internacional de Olinda (Fliporto) - foi o encontro entre o escritor português Almeida Faria e o dramaturgo paraibano Ariano Suassuna, com mediação de Maurício Melo Jr. No encontro, os escritores falaram da inspiração literária e da utopia com bases no messianismo e sebastianismo refletidos nas suas obras.
O auditório onde acontecem os painéis estava quase lotado, tendo entre a plateia o escritor moçambicano Mia Couto (que palestra na festa neste sábado, às 10h). Almeida foi o primeiro a falar. Apresentou rapidamente a biografia de do rei Dom Sebastião, que virou um mito português e até hoje muitos acreditam na sua volta para salvar Portugal. “Ambos estudamos teatro, ambos somos professores de estética e nos interessamos pelo sebastianismo”, disse Almeida Faria, justificando a identificação com Ariano Suassuna.
Durante toda a conversa, os dois escritores mostraram seus olhares sobre o sebastianismo, mesclando nos seus comentários lembranças próprias e situações engraçadas. Almeida chegou a perguntar se Ariano é sebastianista. O paraibano respondeu que sim e que aprendeu a ser sebastianista desde crianças, sob influência de um tio católico. “O que acho interessante no sebastianismo é o sonho que ele desperta. E o sonho move o homem”, disse Ariano.
Ariano, como sempre bem humorado, contou causos e lembranças de sua infância que ilustram sua admiração e identificação com o mito de Dom Sebastião. Histórias que arrancaram risadas da plateia e do colega português que encerrou a mesa dizendo: “Ariano é um grande ator, por isso escreve comédias imortais. Hoje pude ver esse grande show”.