ENSAIO

César Aira fala em livro da "antifilosofia" da literatura

Em Nouvelles impressions du Petit Maroc, publicado no Brasil agora, o autor fala de sua oposição aos "cadernos de notas"

Diogo Guedes
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Publicado em 12/03/2013 às 11:06
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Em Nouvelles impressions du Petit Maroc, publicado no Brasil agora, o autor fala de sua oposição aos "cadernos de notas" - FOTO: Reprodução
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O escritor argentino César Aira despreza os “cadernos de notas”. No curto ensaio Nouvelles impressions du Petit Maroc, publicado pela editora Cultura e Barbárie, ele explica o porquê: as notas (ideias quase em estado puro) desobrigam a narrativa do trabalho artificial de construção de uma continuidade. É fingindo ligar o que é desconexo que a literatura se cria como “antifilosofia”, que se faz uma ficção de corpo único.

A reflexão, uma das feitas pelo escritor sentado em um café, é perfeitamente ilustrada no livro em questão: Nouvelles impressions du Petit Maroc é um caderno de notas transformado em narrativa ou, ao menos, em texto único. É transformando aforismos em um ensaio que ele faz das ideias uma forma de literatura.

A obra é uma leitura prazerosa tanto pelas grandes frases de Aira como por sua prosa, que funciona como uma mente inquieta. Com o perdão de ir justamente contra a ideia da obra, vale reproduzir algumas das frases do autor: “A literatura (...), é feita toda de esquecimento, ou de simulacros de memória”; “Isto é a literatura então: uma espécie de efeito feliz que não teve causa”; “O escritor é uma proliferação de teorias”; e “Corrigir é invocar um fantasma. Eu escrevo como quem sou, mas se o escrito tivesse melhor escrito seria como se outro o tivesse escrito”.

O livro, parte da coleção Parrhesia, ainda traz na edição o texto original, em espanhol. No final, uma entrevista feita pelo jornalista Bernard Bretonnière, em que Aira diz que “as entrevistas são como exames: é preciso dar as respostas corretas para ser aprovado”.

Leia mais na coluna Escrita, no Jornal do Commercio desta terça (12/3).

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