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Zuenir Ventura lança no Recife seu primeiro romance

O jornalista e escritor participa do projeto Minas-Pernambuco falando de sua trajetória e de Sagrada família, obra de 2012

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 05/06/2013 às 5:27
Marcelo Tabach/Divulgação
O jornalista e escritor participa do projeto Minas-Pernambuco falando de sua trajetória e de Sagrada família, obra de 2012 - FOTO: Marcelo Tabach/Divulgação
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Quando cursava Letras na Faculdade Nacional de Filosofia, o jovem Zuenir Ventura fez um trabalho para a cadeira do professor e crítico literário Alceu Amoroso Lima. No dia da entrega do artigo O tempo em Machado de Assis (feito, é claro, em papel almaço) corrigido, o jornalista mineiro não estava na sala, mas um colega relatou o veredicto do acadêmico: Alceu lhe deu um dez com láureas e afirmou firmemente que aquele aluno seria um escritor.

Até 2012, o professor estaria errado. Foi só no ano passado que o próprio Zuenir, um dos mais respeitados jornalistas brasileiros, viria a se fazer um ficcionista. Só ao lançar, durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) o seu primeiro romance, Sagrada família, é que ousou ostentar a profecia de Alceu. Convidado do projeto Minas-Pernambuco, ele autografa o livro e conversa com o público nesta quarta (5/6), a partir das 19h30, no Museu do Homem do Nordeste, com entrada gratuita.

Sagrada família é uma ficção que, Zuenir ressalta, também se fez a partir da apuração. Ao contrário de depoimentos oficiais e documentos, aqui a busca foi por reconstruir o espírito de um tempo e de um tipo de cidade, através das memórias e da imaginação.

"Escrever ficção foi uma sensação nova. No jornalismo, ficamos no corpo-a-corpo com a apuração, em um trabalho permanente de checagem. Na ficção, você tem a liberdade de mentir. E quanto mais se mente, melhor fica", explica o escritor mineiro, com um ar de ex-prisioneiro – ainda que o jornalismo seja sua cela preferida.

"O jornalismo que eu fiz mostra como eu nunca me afastei da literatura completamente. O dia-a-dia e o jornalismo de varejo não me interessam", define, contando que foi influenciado por autores como Machado e Camus. O mestre no jornalismo foi Carlos Lacerda – mas, claro, com a ressalva imediata de que divergia dele quando o assunto era política. "Ele tinha um rigor muito grande com a linguagem. Brincava-se na redação que para usar um adjetivo você tinha que fazer um memorando", recorda Zuenir. "Com Lacerda, aprendi a trabalhar só com as categorias essenciais da língua".

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