DEBATE

Alberto Mussa fala sobre literatura policial no A Letra e a Voz

Escritor carioca conversa com Ronaldo Correia de Brito sobre o seu último romance, que relata um crime no Rio de Janeiro do século 16

Do JC Online
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Publicado em 21/08/2014 às 5:30
Foto: Paula Johas/Divulgação
Escritor carioca conversa com Ronaldo Correia de Brito sobre o seu último romance, que relata um crime no Rio de Janeiro do século 16 - FOTO: Foto: Paula Johas/Divulgação
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O escritor carioca Alberto Mussa, criado entre as tradições do candomblé e da umbanda, sempre acreditou que os mitos são mais uma questão de racionalidade do que de emoção. É dessa impressão que o autor criou sua literatura, cerebral e mística ao mesmo tempo. Um dos convidados desta quinta (21/8) do 12º Festival Recifense de Literatura: A Letra e A Voz, ele conversa com o escritor cearense radicado no Recife Ronaldo Correia de Brito sobre as interseções entre o romance e a literatura policial, a partir das 19h, no Forte das Cinco Pontas.

Neste ano, Mussa lançou o romance A primeira história do mundo (Record), narrativa que investiga o primeiro crime acontecido no Rio de Janeiro, ainda no século 16. Entre a mitologia de uma tribo de amazonas e a morte de um serralheiro, está o interesse de vários suspeitos pela viúva, Jerônima Rodrigues. “Uma das coisas que me interessa além da história das mitologias é o gênero policial. Ele parece condizer com a minha forma de encarar a literatura, possui um olhar racional. Faulkner, Dostoievski e Borges escreveram por esse caminho. O que acho bom no gênero é justamente porque ele nos coloca em situações extremas”, comenta.

Atualmente, o escritor investe em contar a história do Rio através de crimes, um de cada século de história da cidade. A premissa é puramente literária para ele (até porque suas narrativas, claro, estão recheadas de ficção), mas o olhar da investigação permite reconstruir e reinventar o passado de forma envolvente. Um dos pontos de partida foi o mito indígena das amazonas, que ilustra a dominação da mulher em relação ao homem e como a sociedade rejeita a liberação sexual feminina.

Um dos dados do romance é a rejeição ao psicologismo de parte das narrativas policiais. “O que me interessa é a literatura em um nível mais cerebral, mais artificial, e menos o reino dos impulsos”, define Mussa. Ele busca falar sobre o que há em comum e o que se repete nas sociedades e civilizações, e não sobre as especificidades da visão de mundo de um só indivíduo. “Os meus livros sempre partem de um estímulo mitológico. O mito é mais racional que emocional – talvez a poesia tenha mais essa função emotiva. Apesar de terem uma carga estética grande, os mitos são teorias sobre o mundo”, explica.

Para o quarto dos cinco livros sobre crimes no Rio de Janeiro – já saíram também O trono da rainha Jinga e O senhor do lado esquerdo –, ele vai retratar o século 19. “Ainda estou no início, mas a ideia é confrontar três teorias da natureza das pessoas: a cristã e ocidental, de que existe uma única alma, com as concepções do candomblé e dos tupis”, adianta. Para falar do século 19, a ideia é sair do universo das sinhazinhas: Mussa quer falar sobre o mundo do escravos, negros livros, capoeiras e tavernas. “Sempre começo pelo título: o livro vai ser chamar A hipótese humana”, revela.

Leia mais no Jornal do Commercio desta quinta (21/8).

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