ENTREVISTA

Wander Shirukaya fala sobre o seu romance premiado

"Ascensão e queda" mostra o dilema de uma banda de rock após o suícidio do seu vocalista

Do JC Online
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Publicado em 27/01/2015 às 5:12
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"Ascensão e queda" mostra o dilema de uma banda de rock após o suícidio do seu vocalista - FOTO: Divulgação
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Escritor e músico, o paulista radicado em Itambé (PE) Wander Shirukaya estreou com grande estilo no romance. Ascenção e queda, sua primeira narrativa no gênero, venceu o Prêmio Pernambuco. Na entrevista abaixo, ele explica como criou essa trama.

JORNAL DO COMMERCIO – Ascensão e queda é sobre música, mas há uma tensão presente desde o começo do livro: a impossibilidade de seguir em frente, por mais que as pessoas se esforcem. Como surgiu esse tema, do conflito entre o luto e a atração do sucesso?
WANDER SHIRUKAYA – As pessoas tendem a se sensibilizar com a morte de outras e, no mundo das artes, é comum que artistas ganhem notoriedade por causa disso. É meio como se pensássemos que “artista bom é artista morto”. O livro trata disso, sobre como lidar com a morte de alguém querido frente à espetacularização criada em torno desse tipo de tragédia.
 
JC – Você também é músico. Criar o contexto do rock progressivo, do punk, das turnês e ensaios foi algo prazeroso? Há algo da sua vivência musical na livro?
WANDER – Música me dá muito prazer, faço tudo ouvindo música. Há sim algo da minha vivência de músico no romance, como quando eles tocam para um público que não é o deles e temem ser vaiados ou agredidos. Entretanto, não é algo muito pessoal, acredito que muitos músicos, profissionais ou não, já tiveram experiência parecida.
 
JC – A história se mantém viva pela alternância dos pensamentos e sensações dos integrantes da banda. Como foi compor a voz de cada um deles? Desde o início a ideia era contar com essa polifonia?
WANDER – O livro nasceu dessa ideia: ter um romance em que todos os protagonistas tivessem autonomia para comentar suas impressões sobre o que lhes acontecesse. A composição de cada um deles foi difícil, mas muito prazerosa. Deve ser por isso que comparam o ato de escrever a um parto, me sinto meio mãe de cada um dos protagonistas, padecendo no paraíso (risos).
 
JC – Uma dos pontos interessantes do romance é que ele poderia se passar em qualquer canto do mundo. Foi algo intencional? Falar de músicas, gravadoras e shows pedia uma história menos localizada?
WANDER – Desde meu primeiro livro de contos que gosto de escrever assim, de modo que a história pareça acontecer em Recife, São Paulo, Buenos Aires; às vezes, sequer nomeio os personagens. É uma maneira de fazer com que qualquer pessoa se sinta parte da obra, pois o ponto principal é o conflito, o drama, as emoções; estas são sempre universais.
 
JC – Acha que, com a premiação e a publicação agora, o seu livro deve encontrar mais facilmente os seus leitores?
WANDER – A premiação é um ponto de partida, dá ao escritor uma “vitrine”. A partir de agora o que devo fazer é tentar aproveitar essa vitrine para que novas obras possam chegar às mãos dos meus leitores. Vamos ver no que vai dar.

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