ESCRITA

Sidney Rocha começa oficina de escrita criativa

O autor celebra 40 anos de carreira e quer valorizar o papel da emoção nos textos literários

Do JC Online
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Publicado em 02/06/2015 às 5:08
Joãomiguel Pinheiro/Divulgação
O autor celebra 40 anos de carreira e quer valorizar o papel da emoção nos textos literários - FOTO: Joãomiguel Pinheiro/Divulgação
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Nada de “pole dance literária”, é o que promete o escritor e, agora, também professor Sidney Rocha. Estreando hoje (2/6) sua Oficina de Escrita Criativa, que vai acontecer nas terças e quintas até julho (com turmas nos horários das 17h30 e 19h), o autor cearense radicado no Recife, promete seguir um modelo diferente de curso literário, justamente evitando criar modelos fixos.

Feliz e ansioso por estrear nesse desafio, Sidney explica o que define como “pole dance literário”: são aquelas conversas que rendem dicas gerais demais, dadas por um escritor experiente (convidado para a aula, muitas vezes), e que servem mais para padronizar a escrita do que para ajudar um aluno específico. Sua vontade de criar uma oficina, na verdade, veio justamente da intenção de combater a falta de emoção da literatura atual. “É mais uma vontade de conversar do que de ensinar literatura. As pessoas deixaram de se emocionar com os textos, e eu acredito que a narrativa literária deve buscar a emoção”, destaca o autor, vencedor do Prêmio Jabuti com o livro de contos O destino das metáforas (Iluminuras).

Para ele, a literatura sem emoção é “só mais uma perda de tempo contemporânea”. “Nisso não se distinguiria dos passatempos como palavras-cruzadas, livro de pintar ou jogos online como Fazenda feliz”, alerta. “Portanto, é preciso recuperar a capacidade de se emocionar diante do texto literário. E da vida, cara. Não se cria nada se não nos emocionamos de verdade. Parece que há certa indolência ou esterilidade nos escritores de hoje. E os leitores buscam atalhos, não a compreensão nem a emoção do texto.”

De certa forma, sua ideia é fazer no espaço Jump Recife uma espécie de curso de escrita fazendo também um curso de leitura. “Em dois meses de trabalho, os participantes terão lido muito mais livros – e com muito mais prazer nesse processo – do que nos últimos dois anos”, promete. A produção de textos, claro, será também intensa, mas não é a ideia gerar debates coletivos em torno dessas criações: Sidney prefere dar comentários específicos para cada aluno, porque quer evitar conselhos que sejam ardilosamente abrangentes.

“Eu me preocupo com a padronização que existe na literatura contemporânea. Todos os autores parece que vieram do mesmo manual ou da mesma oficina. Esse curso é uma forma de atuação política minha, na defesa de uma literatura brasileira – mas não no sentido de uma ‘literatura nacional’ – mais clara, mais diversa”, expõe o escritor, que neste ano celebra 40 anos de escrita profissional.

O curso abordará romances, poesia, contos e até textos teatrais, que são um dos gargalos de produção hoje. Sidney dará 16 horas de aulas presenciais, com mais 20 horas de aula para os participantes realizarem seus exercícios. Para saber o preço, obter mais informações sobre o curso e fazer a inscrição, o caminho é o e-mail [email protected].

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