Cinema

Jura Capela ensina a como não fazer um filme

Diretor lança hoje livro sobre os bastidores de Filme Jardim Atlântico

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 19/06/2015 às 6:04
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Diretor lança hoje livro sobre os bastidores de Filme Jardim Atlântico - FOTO: Divulgação
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Elenco e equipe a postos no histórico Hotel Quitandinha, em Petrópolis, Jura Capela recebe um telefonema. Um dos atores diz que não vai poder estar no set. Impedido por outros trabalhos, acaba nem indo em qualquer outro dia. O diretor de Filme Jardim Atlântico (2012) acaba tendo não só que negociar custos com equipe e locação, como mudar o roteiro no meio das filmagens. Essa é apenas uma das roubadas que motivaram a escritura do livro Como Não Fazer um Filme (ed. Jura Filmes/Letra Imagem, 160 págs, R$ 20) lançado hoje, às 19h, na Livraria Cultura do Paço Alfândega.


 Narrado em primeira pessoa, o livro relata, em capítulos que remetem às locações do filme, de Fernando de Noronha a Petrópolis, passando pelo Carnaval de Olinda, a experiência de realização do longa, um musical surreal e sensualíssimo sobre casais em profusão hormonal cuja instabilidade erotizada serve de metáfora para a própria visão tropicalista do diretor olindense radicado no Rio sobre o Brasil.


 Filme que acabou colecionando uma boa fortuna crítica. “Filme musical, drama de relacionamento, surrealismo submarino, documentário de carnaval, videoclipe pop-fofinho, celebração agridoce da pátria e por aí vai. Há muitos filmes em “Filme Jardim Atlântico”, e a sensação de fragmentação fica mais patente por não haver nenhuma intenção de atenuar as arestas. É, ao contrário, pelos contrastes bruscos e pela impressão de estarmos dentro de uma montanha-russa sensorial que o primeiro longa-metragem de Jura Capela impressiona e seduz”, elogiou-lhe o crítico Ruy Gardnier, de O Globo.


    O desejo de Jura Capela é, inclusive, fazer o livro servir, além de leitura descompromissada, de material pedagógico para jovens cineastas. “O filme era uma utopia que eu iria realizar, uma grande aventura, a gente começa, mas não sabe muito bem onde o filme vai parar”, diz Jura, inspirado por diretores que são influência expressa em sua maneira de filmar como Glauber, Bressane e Sganrzela. “Ele tinham o hábito de escrever reflexões sobre os filmes”, ele diz.


    Como tinha um proposta de filme surreal, Jura começou a filmar antes de ter o roteiro definido. “A maior roubada foi ter iniciado o filme pegando R$ 40 mil no banco. Como o roteiro não estava muito bem desenvolvido, ele não nos editais. Só depois de dois anos, comecei a pagar a dívida e desenvolvi o roteiro”, lembra. Com números musicais impagáveis, o filme tem direção musical de Pupillo (Nação Zumbi) com nomes como Ava Rocha, Pitty, Guizado, Lirinha. Em cena, Céu faz a versão mais erótica que a Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, já recebeu.

 

“No final, o filme acabou ficando muito mais grandioso do que eu previa”, diz ele, em preparação para seu próximo longa, no Recife. Com elenco formado por Matheus Nachtergaele, Mariana Lima e Alessandra Negrini, Jura vai adaptar o triângulo amoroso de A Serpente, de Nelson Rodrigues.

 

Hoje, também, durante o lançamento, ele exibe um documentário com os bastidores do filme. As imagens de making off foram feitas por Amara Barroso e por Marcelo Lyra, fotógrafo pernambucano morto durante o acidente aéreo em que morreu também o ex-governador Eduardo Campos.

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