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Círculo de Leituras começa com Clarice Freire, Raimundo Carrero, Renata Pimentel e Geraldo Maia

Uma das convidadas, Clarice, a criadora dos poemas-desenhados de Pó de Lua, está preparando seu novo livro

Do JC Online
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Publicado em 29/08/2015 às 5:40
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Uma das convidadas, Clarice, a criadora dos poemas-desenhados de Pó de Lua, está preparando seu novo livro - FOTO: JC Imagem
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A escritora e ilustradora Clarice Freire vive atualmente uma angústia prazerosa que muitos autores conhecem: “o processo doloroso e maravilhoso da criação”. Preparando o segundo livro de poesia desenhada, a autora pernambucana, criadora do site Pó de Lua, participa neste sábado (29), a partir das 14h, em Goiana, de uma das mesas que dá o pontapé inicial no projeto Círculo de Leituras, conversando com a também poeta Renata Pimentel. O evento é gratuito e ainda vai circular por outras três cidades pernambucanas: Arcoverde (19/9), Caruaru (26/9) e Cabo (3/10).

Nessa primeira etapa do evento, o escritor Raimundo Carrero também conversa com o músico e escritor Geraldo Maia, a partir das 8h, com o tema A Voz que Canta a Existência. Agregando o cenário literário local, o Círculo de Leituras ainda recebe dois lançamentos: Contemporaneidades: Vários Autores, do grupo Silêncio Interrompido, e Vermelho Alcalino, de Ezter Liu. A curadoria do evento, que conta com recursos do Funcultura, é do escritor e editor deste Caderno C Marcelo Pereira. Sidney Rocha, Cícero Belmar, Bruno Liberal, Andréa Mota, Nivaldo Tenório e Raimundo de Moraes são os convidados das próximas edições do evento.

Em Goiana, a conversa entre as duas poetas é sobre a voz feminina na literatura atual, um tema sempre importante para se pensar a pouca atenção que mercado e até alguns eventos literários dão às mulheres autoras. “No começo, eu tinha receio de sofrer com resistência para a minha escrita por ser do Nordeste, não por ser mulher – e nunca tive problema com nenhum dos dois casos. Nunca pensei nisso, nem senti hostilidade ou algo assim. O que noto, de um ponto de vista muito pessoal, é que, às vezes, sou a única mulher nos eventos dos quais participo, ou quase não vejo mulheres neles”, comenta Clarice.

Ela nota, nos seus poemas-desenhos, traços femininos: não só como o seu ponto de vista de mulher, mas também o traço delicado. “E esse traço vem da minha maior inspiração visual, o cineasta Tim Burton, um homem que tem essa melancolia delicada, criador de personagens feios, como Edward Mãos-de-Tesoura, mas adoráveis”, comenta Clarice. A autora já ouviu muito de fãs que seus estilo de escrever e desenhar é “feminino”. “Eu tenho muito orgulho disso, acho que o aspecto feminino está no meu trabalho porque tenho isso em mim também. Ao mesmo tempo, penso que minha obra é um pouco universal: meus lançamentos sempre têm muitos homens, por exemplo,” afirma.

Com o Círculo de Leituras, Clarice poderá passar por cidades que não pôde visitar com o lançamento do Pó de Lua. Ela também é uma das convidadas para a Bienal do Rio do Janeiro, em setembro. “Antes, ficava muito nervosa, me perguntando se as pessoas iam para os lançamentos. Agora, já viajei muito pelo Nordeste, pelo Sul e pelo Sudeste. Falar sobre o que faço faz parte do meu trabalho, uma parte que adoro.”

Com sua mente inquieta para projetos, Clarice já pensou em fazer exposições – convites não faltam – e até foi chamada para parcerias musicais. “Mas estou precisando colocar um freio nisso tudo para conseguir terminar o livro. Ele tem o estilo do Pó de Lua, com poemas-desenhados, mas vai ser surpreendente, tem muita coisa que não é como o esperado”, adianta.

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