REPORTAGEM

Gay Talese volta atrás e afirma que vai divulgar o seu novo livro

O jornalista americano havia desistido de promover The Voyeur's Motel depois de erro na apuração

JC Online
Cadastrado por
JC Online
Publicado em 05/07/2016 às 5:30
Divulgação
O jornalista americano havia desistido de promover The Voyeur's Motel depois de erro na apuração - FOTO: Divulgação
Leitura:

Enquanto escrevia A Mulher do Próximo, seu livro-reportagem clássico, o jornalista americano Gay Talese recebeu uma carta de um homem. Dizia que poderia contribuir para o retrato da vida sexual americana que o repórter estava construindo: afinal, anos antes, havia comprado um motel e criado nele postos de espionagem para dar vazão ao seu desejo de espionar, sem autorização, a intimidade de quem frequentava o estabelecimento. Durante 15 anos, o dono testemunhou, anotou e observou “em primeira mão, sem ensaios, sem laboratórios” o sexo em todas suas nuances e variantes possíveis.

Talese, com os devidos cuidados éticos, viu ali uma história que merecia ser investigada – valia não só falar sobre os hábitos sexuais coletados por Gerald Foos, mas também sobre a figura desse voyeur obcecado e inconfiável. Anos depois, a história de Foos viria ser contada pelo ícone do Novo Jornalismo no livro The Voyeur’s Motel, que chega às livrarias americanas na próxima semana. No entanto, desde que um trecho foi publicado em abril na New Yorker, Talese viu parte do que está no volume ser questionado. Tanto que chegou a cogitar “não promover” a obra, mas agora voltou atrás.

Na última sexta, jornalistas do Washington Post descobriram que Foos mentiu sobre ter continuado a ser dono do motel após a venda do estabelecimento em 1980, o que botaria em dúvida boa parte da reportagem. Ao saber do seu erro, Talese ficou decepcionado. “Não deveria ter acreditado em uma palavra do que ele disse. Não vou promover o livro. Como posso promovê-lo quando a sua credibilidade foi atirada no lixo?”, falou.

Agora, ele voltou atrás na decisão. “Eu estava chateado e possivelmente disse coisas que eu não achava”, disse em um comunicado. “Se, de fato, existirem detalhes a serem corrigidos nas próximas edições, nós faremos isso”. Ele ainda comentou que sempre tratou o personagem da obra, Geraldo Foos, com desconfiança. “Como eu digo de forma clara no texto, ele pode às vezes ser um narrador não confiável da sua história peculiar”, ainda afirmou, ressaltando que a venda do motel aconteceu depois de maioria dos eventos narrados no livro.

Últimas notícias