VERSOS

Três poetas da Zona da Mata Norte lançam o livro Físsil

Philippe Wollney, Endreson Ribeiro e Wilemberg Gonçalves participam sexta do Saraus em Pasárgada

Diogo Guedes
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Publicado em 15/12/2016 às 7:39
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Philippe Wollney, Endreson Ribeiro e Wilemberg Gonçalves participam sexta do Saraus em Pasárgada - FOTO: Divulgação
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Três poetas da Zona da Mata pernambucana se encontram sexta (16/12), a partir das 17h, na última edição do ano do evento Saraus em Pasárgada. Philippe Wollney (Goiana), Endreson Ribeiro e Wilemberg Gonçalves (os dois de Nazaré da Mata) vão declamar, conversar com o editor Wellington de Melo e lançar o livro Físsil (Cartonera da Zona).

A ideia das fendas e a visão crítica do contexto canavieiro da região são, talvez, os pontos de partida em comum para os autores. Diante disso, é possível ver na obra três vozes poéticas próprias. “O livro saiu após uma temporada juntos. Estivemos nesses três últimos meses participando de um projeto de circulação de escritores em escolas aqui na região da Zona da Mata Norte  chamado Recita Mata Norte, e vimos que temos em comum a poesia e a recitação – a poesia que se faz na voz, para a voz, com a garganta como suporte”, conta Wollney, um dos vencedores do Prêmio Pernambuco deste ano com o livro (ainda inédito) Ruinosas Ruminâncias.

Os três são poetas, declamadores e agitadores culturais. A veia crítica à herança de brutalidade e desigualdade da formação brasileira e canavieira é pulsante na obra. Endreson fala, por exemplo, da sua reinvenção das “histórias que foram mal contadas”. Wilemberg clama pelos Abaporus vivos e destaca: “toda viatura é navio negreiro”. Wollney, num poema recortado por textos de Glauber Rocha, Gilberto Freyre, João Cabral e Josué de Castro, afirma: “não duvidem do meu açúcar/ não duvidem do meu açúcar/ quanto mais cavo mais fundo me acho”.

“Vimos que havia um teor de contestação, acidez e crítica em nossos textos. Nós três também coordenamos coletivos e ações de intervenção artística no território. Então, pela afinidades resolvemos montar um livro. A temática do físsil é sobre a cultura cana e o olhar de cada um sobre ela. Sobre a interpretação de cada um do território”, continua Wollney.

EDITORA

A Cartonera da Zona, de Endreson e Wilemberg, é uma das estratégias de publicação do trio. Wollney mantém a editora Porta Aberta, que lança livros e zines. “O nosso desejo é criar e fortalecer núcleos editoriais nessas pequenas cidades. Por hora, ativos temos o Porta Aberta (Goiana), Cartonera da Zona (Nazaré) e Iluminismo Poético (Timbaúba). A gente vai se fortalecendo e se colaborando. Uma coisa é sobre o território criativo em poesia. Temos o Wander Shirukaya, em Itambé, que é parceiro nosso e levou em 2014 o Prêmio Pernambuco de Literatura. Tem eu agora, em 2016. E estamos torcendo pra sair outro em 2017”, explica Wollney.

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