atualizada às 13h51
Morreu na madrugada desta terça-feira (21), em São Paulo, o diretor de Redação da Folha de São Paulo, Otavio Frias Filho, de 61 anos. O jornalista, ensaísta e dramaturgo estava internado no Hospital Sírio-Libanês, onde faleceu por volta das 3h30 devido a complicações de um câncer originado no pâncreas. O corpo de Otávio foi cremado no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra.
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Otávio, que esteve à frente do jornal por 34 anos, foi diagnosticado com a doença em 2017. Filho de Octavio Frias de Oliveira, que foi proprietário da Folha, o jornalista deixa mulher e duas filhas.
Sob a sua direção, desde 1984, a Folha se consolidou como referência no jornalismo apartidário, crítico e independente. Otávio também liderou o Manual da Redação, que transformou o jornal, pregando um texto mais rigoroso, impessoal e descritivo.
Ele também escreveu diversos livros de ensaio, como o “De ponta a cabeça” em 2000, “Queda Livre” em 2003, “Seleção Natural” em 2009, entre outros. Como dramaturgo, Otávio também teve peças encenadas em São Paulo, como “Típico Romântico”, “Rancor” e “Don Juan”.
ANJ lamenta
Em nota, a Associação Nacional dos Jornalistas lamentou a morte de Frias Filho. Leia a íntegra:
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) lamenta, com imensa tristeza, a morte prematura de Otávio Frias Filho e manifesta seu profundo pesar e solidariedade à família e a todos os colaboradores da Folha de S.Paulo.
Desde jovem, Otávio se destacou pela visão crítica da atividade jornalística e pelo empenho em modernizá-la e colocá-la em sintonia com os anseios da sociedade brasileira. Com talento, ousadia e criatividade, Otávio revolucionou a Folha de S.Paulo e deixou profundas marcas na história da nossa imprensa. O poder transformador de sua ação foi materializado no Projeto Folha, conjunto de princípios e práticas que são um marco e seguem norteando o que há de melhor no jornalismo brasileiro.
O papel fundamental do jornalismo na democracia, sobretudo em um país como o nosso, onde a tentação do autoritarismo está sempre tão presente, marcou o pensamento e a ação de Otávio Frias Filho. Ele sonhava com um país moderno, justo e civilizado, e enxergava no jornalismo sério e responsável uma ferramenta indispensável para a construção desse sonho.
Otávio, na sua discrição e seriedade, fará uma enorme falta ao jornalismo e ao Brasil.
Associação Nacional de Jornais (ANJ)
Brasília, 21 de agosto de 2018