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O medo virou história: ansiedade é tema de trabalho de conclusão de curso

Estudante de design sofria de ansiedade quando se deparou com o trabalho de conclusão de curso. O jeito foi unir os dois desafios e montar uma história em quadrinhos sobre o tema

ISABELA VERÍSSIMO
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ISABELA VERÍSSIMO
Publicado em 04/02/2019 às 12:48
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Estudante de design sofria de ansiedade quando se deparou com o trabalho de conclusão de curso. O jeito foi unir os dois desafios e montar uma história em quadrinhos sobre o tema - FOTO: Foto: Divulgação
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Foi em meio a uma crise de ansiedade e pânico que Petrus Andrade, estudante de design gráfico pela Faculdade Integrada Barros Melo (Aeso), se viu na missão de cumprir a última atividade da graduação. O trabalho de conclusão de curso (TCC) se perdia entre medo, suor e insegurança que tomavam conta de Petrus. Demorou, mas chegou o dia em que o jovem percebeu que a união entre a obrigação e o conflito poderiam ter um efeito forte e positivo se trabalhassem juntos. A história em quadrinhos Neurose foi o resultado dessa união um tanto quanto inusitada.

O PROCESSO

A escolha do tema do TCC não era fácil, nem a forma como ele seria apresentado, dentro do que foi estudado durante o curso de design. Lidar com as emoções parecia um desafio ainda maior. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), Petrus faz parte da população que tem a maior taxa de transtorno de ansiedade do mundo: cerca de 9,3% dos brasileiros sofrem de patologias relacionadas à condição, o que representa mais de 18 milhões de pessoas.

Dentro e fora de casa, Petrus era constantemente surpreendido por ataques que o tiravam dos eixos. “Fiquei muito mal, mas enfrentava. Não deixava de sair, mas ainda me afetava. Escondi isso por muito tempo. No projeto de conclusão vi uma forma de me expressar e terminar o que precisava”, conta o estudante.

Para Petrus, a melhor forma de representar a ansiedade seria nas HQs. Com estilo e tema escolhidos, ele conta que o roteiro foi a parte mais complicada: “Escrever a história não tinha muito a ver com o curso de design. Toda vez que eu tentava montar a narrativa, alguma crise chegava porque me lembrava muitas coisas.”

Outro desafio foi contar uma história séria de um jeito que prendesse a atenção do público. Não poderia parecer uma cartilha de hospitais, mas também não poderia perder a importância. O equilíbrio foi encontrado quando Petrus decidiu se auto-representar. “A falta de conhecimento muitas vezes faz as pessoas pensarem que essa condição é apenas preguiça, corpo mole ou invenção da cabeça de quem sente. Por experiência própria, sei que é muito difícil falar sobre o assunto quando está no auge”, salienta.
Aplicando o conhecimento adquirido no curso, sua casa foi, mais uma vez, um lugar de refúgio. “A maioria das crises acontecia no meu quarto, lugar onde a história se passa por inteiro. Foi mais fácil de desenhar e fez sentido para mim”, afirma o designer recém-formado.

Um elemento extra foi adicionado: a fantasia. A ansiedade tomou forma de personagem, um tanto quanto assustador, mas sempre sorridente. Inimiga do protagonista do livro, é destruída pela autocrítica, consciência e a noção de que pedir ajuda é sinônimo de força tanto para quem dá o suporte quanto para quem aceita ser suportado.
O livro pode ser acessado gratuitamente pelo link https://t2m.io/6agYi6Xx.

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