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Livro e premiação começam os preparativos dos 120 anos de Gilberto Freyre em 2020

A Fundação Gilberto Freyre vai receber no dia do aniversário do sociólogo pernambucano o vencedor do Prêmio Gilberto Freyre e vai lançar coletânea de crônicas do autor

Diogo Guedes
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Publicado em 08/03/2019 às 10:31
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A Fundação Gilberto Freyre vai receber no dia do aniversário do sociólogo pernambucano o vencedor do Prêmio Gilberto Freyre e vai lançar coletânea de crônicas do autor - FOTO: Felipe Jordão/JC Imagem
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O dia 15 março, na próxima semana, será o marco inicial dos preparativos para uma data importante na cultura pernambucana. A Fundação Gilberto Freyre (FGF) vai começar, com a entrega de uma premiação e o lançamento de um livro, as comemorações dos 120 anos do antropólogo e pesquisador multidisciplinar, que serão celebrados em 2020. A ideia é comemorar, até a data dos 120 anos, vários aspectos da obra de Freyre, ressaltando como ela vem sendo continuadamente retrabalhada e redescoberta.

As atividades acontecem a partir das 15h, na sede da instituição, em Apipucos. A entrega do Prêmio Gilberto Freyre 2018-2019 vai celebrar a produção do professor capixaba Cláudio Márcio Coelho, que escreveu sobre o olhar único e pioneiro de Freyre em relação a seu tempo. O texto Os Sherlockismos de Gilberto Freyre: a Antecipação Metodológica Freyriana nas Décadas de 1920 e 1930 foi premiado entre obras que vieram de Pernambuco, Ceará, Goiás, Brasília, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e da Espanha. Cláudio vai receber R$ 20 mil e o ensaio vai ser publicado pela Global.

Essa foi a sexta edição do concurso. Antes, ele era temático, pedindo textos sobre aspectos específicos da obra freyriana. Desde o certame anterior, o prêmio ficou mais abrangente: exige apenas que se trate de um ensaio sobre a obra do autor. “Foi uma mudança importante, porque nós acompanhávamos os trabalhos de pesquisa e as visitas de professores à fundação, mas não víamos isso revertido em inscrições”, comenta Jamille Barbosa, coordenadora de projetos da FGF. “O projeto da fundação, afinal, é estimular a pesquisa sobre Gilberto Freyre de uma forma ampla”.

Segundo o coordenador do Prêmio Gilberto Freyre , o professor da UFPE Anco Márcio Tenório, o novo formato trouxe mais inscrições e uma relevância nacional maior. A comissão julgadora foi formada por nomes também de abrangência nacional, com autoridades na obra de Freyre e também o vencedor da última edição do concurso, o historiador Gustavo Mesquita.

“A ideia é buscar o que de fato é uma contribuição ao pensamento sobre Gilberto Freyre, premiar trabalhos que fazem perguntas que ainda não foram feitas”, destaca Anco. Aspectos como o Freyre diplomata, a relação do pensador com o Estado Novo e as discussões do Congresso Afro-Brasileiro de 1934 são exemplos de temas que receberam novos olhares recentemente.

CRÔNICAS

Além da premiação, o aniversário de 119 anos de Gilberto Freyre vai contar com o lançamento de uma coletânea. Organizado pelo historiador Gustavo Tune, o volume Gilberto Freyre: Crônicas para Jovens traz uma espécie de introdução despretensiosa e eficaz ao pensamento do sociólogo de Apipucos, com textos sobre a culinária, a ecologia, a infância e algumas cidades.

Freyre começou a escrever crônicas aos 18 anos, quando foi estudar na Universidade de Baylor, Texas, nos Estados Unidos. Nesse olhar de jovem correspondente internacional, o autor traz com leveza os temas – e os olhares – que seriam recorrentes na sua obra. O Recife é um personagem especial desses textos, principalmente através da preocupação de Freyre com a preservação do patrimônio (material e afetivo) da cidade.

Os textos também falam com amargor do papel do Brasil como “devastador do passado” e revelam a sua defesa apaixonada das árvores. “Há quem pense que nossa maior glória está na música. Outros, que está na arquitetura. Ainda outros, que nem na música nem na arquitetura, porém no futebol. Creio que assim opinando tendem a subestimar, com a ênfase dada às suas preferências, a gata borralheira que vem sendo a culinária, à qual se liga a doçaria”, argumenta Freyre.

Segundo Jamille, os dois eventos são os primeiros de uma série celebrações que devem acontecer até o próximo aniversário do antropólogo. Além de um seminário e de uma reforma na instituição, os planos incluem reedições – a ideia é ir bem além de Casa Grande e Senzala – e novas obras, criadas com parte inédita do acervo da fundação.

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